Filme do dia (155/2018) - "Internato Derradeiro", de Narciso Ibañez Serrador, 1969 - França, século XIX. A jovem Terese (Cristina Galbó) é mandada para um internato para garotas comandada pela Sra. Fourneau (Lili Palmer). Rapidamente, Terese descobrirá que a permanência no local não será fácil , nem por conta da disciplina, nem por conta de suas colegas.
Do mesmo diretor do excelente "Os Meninos", a obra consegue ser igualmente excepcional mesmo enveredando por um terreno que eu usualmente detesto - o de assassinatos em série. Ibañez tem tal domínio da narrativa que mesmo o espectador sabendo o que vai acontecer - é óbvio - entra numa espiral de tensão que quase leva a um infarto. Some-se a isso, a exímia construção de uma atmosfera de opressão e medo, por baixo de um fino verniz de normalidade e disciplina. O filme sugere muito mais do que mostra e, apesar de no fundo não mostrar nada do que está sugerindo, fica evidente que os horrores que acontecem no internato vão muito, muito além do que vemos na tela. É uma obra perversa, nos dois sentidos possíveis - se por um lado há uma crueldade intrínseca, comum a todos os ambientes de opressão e reclusão, por outro ainda temos uma nada sutil sugestão de abusos e perversões sexuais que tornam a história ainda mais pesada e tensa. O roteiro é fantástico, muito bem construído, muito bem dirigido, sério, obra prima do gênero mesmo. A construção dos personagens também segue essa linha e as relações entre eles - relações de dependência, subordinação, submissão, etc - são desenvolvidas com cuidado, repletas de maldades e medos. Tecnicamente, o filme também é impecável - a direção de arte de época é caprichadíssima e a fotografia em tons quentes que joga com luzes e sombras é responsável por recortes que auxiliam na formação da atmosfera de tensão e opressão. Destaco, ainda, o cenário e o uso dos espaços para criar suspense - o casarão ocupado pelo internato é cheio de meandros, salas e janelas trancadas, cômodos vazios e abandonados, chega a dar claustrofobia. Por fim, as interpretações são todas muito boas, a indicar que Ibañez é um exímio diretor de atores. Destacaria, dentre as atuações, o trabalho de Mary Maude como a sádica aluna Irene - gente, chega a dar ódio dela!!!! Fato é que o filme é EXCELENTE, bom demais, e apesar de ser sobre assassinatos, não cai naquela coisa de gore, que eu simplesmente detesto. Para quem curte suspense, terror, ou apenas um bom cinema, diversão certa!!!! Recomendadíssimo!!! PS - Achei este o melhor box do Obras Primas do Terror da Versátil (número 6), todos os filmes foram de bons a excepcionais, valeu muito a compra!!!!
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