Filme do dia (207/2018) - "Inverno de Sangue em Veneza", de Nicolas Roeg, 1973 - Após a morte da filha Christine, o casal John (Donald Sutherland) e Laura (Julie Christie) viaja para Veneza, onde John está fazendo a restauração de uma igreja. O encontro de Laura com uma suposta médium causará um conflito entre o casal face ao ceticismo de John.
Clássico do cinema fantástico, a obra cria tensão a partir, principalmente, da dúvida. Ao longo do filme, são criadas inúmeras situações dúbias, onde o espectador se questiona se as ocorrências são reais, se são "armações" e quem estaria envolvido em eventual conspiração. As incertezas vão se acumulando e só se desfazem nos últimos dez minutos de filme. Mas, não pense que a obra se sustenta apenas através desse jogo "racional" - não, o filme se estabelece profundamente no terreno sensorial, criando um ambiente onírico, que envolve completamente o espectador. Em mim, senti quase um embate entre as informações fornecidas e as sensações causadas pelo desenvolvimento da narrativa, numa clara luta racional versus emocional, o que eu achei bem interessante. Tecnicamente, a obra mostra-se excepcional em diversas categorias. A primeira, indubitavelmente, é a montagem, que cria momentos de suspense e tensão indescritíveis ao longo na história. Outro âmbito que se destaca é a fotografia, que brinca com as luzes e sombras e trabalha os tons de azul em confronto com os detalhes pontuais em vermelho. As locações de Veneza são muitíssimo bem utilizadas, com suas vias labirínticas, seus becos, suas inúmeras pontes idênticas, entrando no mesmo jogo de "gato e rato" da narrativa. A trilha sonora é sutil e não faz pontuações óbvias, que normalmente eu detesto. Quanto às interpretações, apesar do trabalho de Julie Christie ser bastante bom, quem se destaca mesmo é Donald Sutherland - extremamente expressivo, o ator consegue transmitir o conflito entre seu ceticismo e as informações noticiadas pela esposa (sem spoiler). Não poderia terminar de dar minhas impressões sem destacar três cenas: a cena inicial da morte da filha; o acidente na igreja; e a cena "final" (o "clímax"), as três, simplesmente, extraordinárias!!!! O filme é muuuuuuuito bom, eu curti demais (e, sei lá porquê, assumo que tinha certo preconceito com a obra, que lembrava de ter visto trechos na televisão - que bobagem minha!!!). Recomendo demais!!!
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