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hikafigueiredo

"Metrô da Morte", de Gary Sherman, 1972.

Filme do dia (66/2022) - "Metrô da Morte", de Gary Sherman, 1972 - Uma série de desaparecimentos estão ocorrendo em uma determinada linha do metrô de Londres. Quando um funcionário do alto escalão do governo desaparece no local, o inspetor Calhoun (Donald Pleasence) entra em cena para descobrir quem está por trás dos desaparecimentos.




Trazendo uma sutil crítica à lógica capitalista, o filme está mais para os gêneros policial e drama do que propriamente ao terror, ainda que guarde alguma relação com este. A história acompanha as investigações do Inspetor Calhoun e, a certa altura, revelará o mistério relacionado ao desaparecimento e a algumas mortes ocorridas em certa estação do metrô londrino - e devo dizer que a descoberta dos responsáveis me deixou tocada, compreendendo os motivos que os levaram a tomar tal atitude. Muito embora algumas soluções encontradas pelo roteiro tenham sido um tanto exageradas, achei o argumento bem interessante e, no geral, desenvolveu-se em um roteiro instigante e criativo. A narrativa é linear, em ritmo bem marcado e traz uma atmosfera cada vez mais sombria e deprimente. Gostei da escolha estética da obra, que não cede muito ao kistch da época, mantendo discreta raiz no gótico. Tecnicamente, o filme tem uma qualidade acima da média para um filme de terror, com uma direção de arte caprichada e uma elaborada fotografia, que trabalha muito bem os escuros ambientes do metrô - vale a pena destacar o plano-sequência que nos revela o mistério dos desaparecimentos e que se antecipa à descoberta pelos personagens da história, num movimento meio hitchcockiano. Também merece menção a edição de som que, aqui, tem bastante importância no estabelecimento de suspense e atmosfera de tensão. O elenco traz David Ladd (filho do ator Allan Ladd, do recém comentado "Os Brutos Também Choram", 1953) no papel do estudante Alex Campbell e Sharon Gurney como Patricia Wilson, ambos em interpretações corretas, mas não lá muito inspiradas. Donald Pleasence ganha destaque como o insuportável Inspetor Calhoun, mais inglês que a Rainha Elizabeth. Christopher Lee faz uma ponta tão ínfima que evidencia estar ali apenas para chamar o público do gênero terror, acostumado à sua eterna presença nos filmes dos estúdios Hammer e Amicus daquela época. Hugh Armstrong faz um ótimo trabalho corporal como "o homem", ainda que seja o ponto "exagerado" da história (sem spoilers). Achei a obra bem diferente e criativa, mas não me deixou nem minimamente assustada, até porque não envereda pelos temas sobrenaturais que fazem mais meu gosto, quando se trata de (suposto) terror. Acho um filme válido e recomendo.

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