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  • hikafigueiredo

"Moloch", de Nico van den Brink, 2022

Filme do dia (16/2023) - "Moloch", de Nico van den Brink, 2022. Holanda, 1991. A pequena Betriek vivencia uma experiência aterrorizante que muda a sua vida e a de sua família. Trinta anos depois, adulta, viúva e mãe de uma menina de nome Hanna, Betriek (Sallie Harmsen) reside com seus pais na mesma casa onde se deram os terríveis acontecimentos do passado, num local afastado e próximo a um pântano. Após sua mãe Elske (Anneke Blok) sofrer um ataque noturno, Betriek começa a desconfiar de que está sendo vítima de uma força sobrenatural e ancestral ligada à mitologia local.





Eu, que sou aficcionada pelo gênero terror, tenho admitida predileção pelos "folk horror", aqueles filmes de terror que se passam em áreas rurais, afastadas, via de regra vinculados às tradições, lendas e mitologias locais. Pois foi com grata alegria que assisti a essa ótima obra de "folk horror", onde a protagonista Betriek é confrontada com uma antiga figura lendária de sua terra natal, a Holanda. Betriek é uma jovem viúva que recebe a ajuda de seus pais para criar a filha Hanna, de sete anos, após o falecimento prematuro do pai da criança. Eles residem em uma área rural, afastada de tudo e à beira de um pântano que tem sido alvo de escavações arqueológicas. A atmosfera, que já era sinistra desde os primeiros momentos da narrativa, passa a pesar ainda mais a partir de um ataque sofrido pela mãe de Betriek por um integrante da equipe de arqueólogos , um indivíduos até então pacífico e sem histórico de violência. A situação toda intriga Betriek, que começa a observar seu entorno com olhos questionadores e passa a perceber , quase intuitivamente, comportamentos estranhos nas pessoas ao seu redor, bem como descobre fatos que indicam haver, até o presente, um apego desconcertante a uma figura mitológica e demoníaca das lendas regionais. A narrativa é tensa, pendendo ao terror psicológico, com pouquíssimas cenas de jumpscare e uma profusão de cenas quase minimalistas acerca dos estranhamentos sentidos pela protagonista - o espectador passa a sentir o mesmo desconforto que a personagem sente e a escuridão da casa da família e da região à sua volta torna-se cada vez mais ameaçadora, alcançando, em seu clímax, já nos minutos finais da história, um patamar que nos leva a assistir o filme em apneia, tal a tensão envolvida. O roteiro é redondinho, construindo, com cuidado, uma narrativa bem encadeada e instigante, cimentada em lendas reais existentes naquela região da Europa. A ambientação criada é apavorante - não moraria ali nem que me pagassem meu peso em ouro! rs Há o uso equilibrado de efeitos especiais - nem tanto que se torne grotesco, nem tão pouco que tudo tenha de ser imaginado pelo espectador, com um resultado satisfatório. As interpretações também estão a contento - a atriz Sallie Harmsen consegue transmitir a perturbação da protagonista frente aos acontecimentos estranhos que vem vivenciando. Como a mãe de Betriek temos a atriz Anneke Blok, e como pai, Fred Goessens, ambos muito bem em seus papeis. Alexandre Willaume interpreta Jonas, o líder da expedição de arqueólogos, um personagem interessante que representa a ciência da qual os acontecimentos estão à margem. Destaque para a cena inicial, angustiante; para a cena do elevador, apavorante; e para a cena final, a qual amarra a história e revela um detalhe terrível da narrativa. Para quem curte p gênero terror, é um prato cheio. Recomendo demais.

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