Filme do dia (62/2022) - "Nicotina", de Hugo Rodríguez, 2003 - Lolo (Diego Luna) é um hacker que consegue invadir um banco suíço. Ele negocia a informação conseguida com Nene (Lucas Crespi) que, por sua vez, pretende trocá-la por diamantes com um mafioso russo. No entanto, um equívoco irá conturbar as negociações.
Com um roteiro ágil e criativo, com um estilo que lembra os filmes de Guy Ritchie, a obra acompanha o desenrolar de um equívoco em meio a uma negociação criminosa e mescla, com equilíbrio, ação e comédia de humor ácido. Tendo como fio condutor o hábito tabagista de vários personagens, o filme funciona na lógica da "comédia de erros" - um equívoco leva a outro, que, por sua vez, desemboca em outro, criando uma avalanche de consequências, quase sempre desastrosas. A narrativa é linear e segue, em paralelo, vários núcleos de diferentes personagens que se inter-relacionam, sempre em um ritmo acelerado e constante. A atmosfera é de tensão crescente, sem nunca perder de vista a tônica cômica. Toda a ação se passa em uma única noite em aparente tempo real. Os diálogos, por vezes aleatórios, têm um quê de Tarantino. Formalmente, é um filme que traz inúmeras soluções criativas e satisfatórias como a divisão de tela em diferentes situações ou os "quadrados de destaque", usados repetidas vezes para ressaltar um detalhe, um personagem ou uma conduta não tão evidente. Tecnicamente, é uma obra de qualidade, com destaque para a ótima edição. O elenco, enorme, já que acompanha inúmeros núcleos de personagens, traz, em destaque, Diego Luna como o hacker Lolo, em ótima interpretação; Lucas Crespi interpreta Nene, o criminoso que liga o hacker ao mafioso russo; Jesus Uchoa interpreta Tomson, parceiro de Nene; Marta Belaustegui interpreta Andrea, a vizinha por quem Lolo é apaixonado e origem de toda a confusão da história; Norman Sotolongo interpreta o mafioso russo Svóboda; Carmen Madrid interpreta Clara; e Rafael Inclán interpreta Goyo. A obra conseguiu me prender do começo ao fim e eu me diverti um monte com ela - claro que é puro entretenimento, não proporciona qualquer reflexão, mas funciona dentro de suas pretensões e é isso que importa. Eu curti muito e recomendo.