Filme do dia (09/2024) – “O Amor em Fuga”, de François Truffaut, 1979 – Aos 35 anos, Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud) e Christine (Claude Jade) decidem se divorciar após oito anos de casados. O divórcio é amigável e Antoine já está apaixonado por outra mulher, Sabine (Dorothée). Ele acidentalmente reencontra Colette (Marie-France Pisier), uma ex-namorada, na estação de trem e, juntos, relembrarão do passado.
Última obra da sequência de filmes sobre o personagem Antoine Doinel, “O Amor em Fuga” praticamente presta uma homenagem ao protagonista e aos seus filmes anteriores. Aqui, Antoine, já com trinta e cinco anos e um filho, parece um pouco menos desorientado do que nas obras anteriores e, ainda que esteja se divorciando, parece estar mais estável, tanto profissionalmente, quanto emocionalmente. Ele agora está envolvido com Sabine e, mesmo com alguns desacertos com a moça, ele se mostra bastante convicto dessa relação. A narrativa faz uma retrospectiva do passado do protagonista, relembrando - e por vezes explicando - passagens de sua história. O reencontro com a ex-namorada Colette fará com que esta acabe por conhecer Christine e é através do diálogo entre as duas que muitos detalhes do personagem Antoine virão à tona. A retrospectiva da história do protagonista virá na forma de pequenos fragmentos dos filmes anteriores, enquanto os personagens dão sua versão sobre os fatos – devo dizer que o formato imprimido à narrativa, sempre retomando o passado, me cansou um pouco. O ritmo é bem marcado, bem mais do que nos filmes anteriores. A atmosfera é confortável e meio saudosista – parece que o diretor já estava com saudades do protagonista Antoine antes mesmo de terminar a “saga”, o que é compreensível, já que Antoine Doinel é, a despeito de seus muitos erros ao longo de sua vida, um personagem muito carismático (acho que também sentirei falta dele rs). Talvez por ser o desfecho de uma longa sequência de filmes, achei a obra menos autoral deles. O destaque fica por conta da edição, com a já mencionada retrospectiva de cenas dos filmes anteriores. O elenco retoma Jean-Pierre Léaud como Doinel, Claude Jade como Christine e Marie-France Pisier como Colette (a última, da obra “O Amor aos Vinte Anos”, 1962, que, por qualquer motivo, não foi lançada no Brasil, nem mesmo no box da saga, feita pela Versátil), todos ótimos em seus personagens. A atriz Dorothée interpreta Sabine, o derradeiro amor de Antoine. Bom, Truffaut nunca decepciona e aqui não foi diferente – o filme faz uma bela homenagem ao personagem, alter ego do diretor, é agradável, prende a atenção e deixa saudades antecipadas. Eu curti e recomendo (mas precisa ver todos os anteriores antes... rs).
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