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hikafigueiredo

"O Outro Lado da Esperança", de Aki Kaurismäki, 2017

Filme do dia (114/2018) - "O Outro Lado da Esperança", de Aki Kaurismäki, 2017 - Khaled (Sherwan Haji) é um refugiado sírio que, por circunstâncias alheias à sua vontade, acaba chegando em Helsinki na condição de clandestino em uma embarcação; Waldemar (Sakari Kuosmanen) é um morador local que acaba de adquirir um restaurante decadente após abandonar a esposa alcoólatra. Os destinos de ambos se encontram quando Waldemar resolve acolher o jovem imigrante ilegal em seu restaurante.





Desde que assisti ao "A Mocinha da Fábrica de Fósforos", de Kaurismäki, tento acompanhar as obras do diretor, mas admito que não captei muito bem a ideia deste filme aqui. O cerne da obra é a questão dos refugiados, sua recepção na Finlândia e sua absorção, como mão de obra barata, pelo mercado daquele país. No entanto, o tom do filme não me agradou muito, talvez pelo meu gosto pelos dramas pesados e pela problematização de quase tudo - o que não acontece nessa obra. Aqui a questão dos refugiados - em especial daqueles que vêm de zonas de conflito - é tratada com circunspecção, mas está longe de ter cores pesadas e narrativas dolorosas. Khaled narra, para a agente de emigração, sua vivência na guerra e no exílio e esta é dramática e pesada, mas é exposta com uma certa leveza que me incomodou, porque, para mim, é tema que exigiria pesar a mão. O diretor, ainda, expõe um humor peculiar, talvez nórdico demais para a compreensão desta latina que escreve. Certamente o tema é importante e não foi tratado com desrespeito ou negligência por Kaurismäki, mas, infelizmente, não caiu nas minhas graças. Apesar disto, admiro a cena inicial da obra - Khaled emergindo de uma carga de carvão, negro como breu, só seus olhos visíveis, é uma imagem muito, muito forte. Também me incomodou um pouco a demora no encontro dos dois personagens - por muito tempo suas histórias correm em paralelo, sem qualquer contato entre os dois. O filme tem um ótimo padrão técnico, com destaque para a trilha sonora - inúmeras são as cenas de músicos tocando ao vivo, achei bem interessante. Também gostei muito das interpretações dos protagonistas, ambos os atores estavam muito bem. A obra é boa, mas acho que preciso de uma segunda visita para introjetá-la e apreciá-la. Recomendação, por enquanto, está em "stand by".

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