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hikafigueiredo

"Os 12 Macacos", de Terry Gilliam, 1995

Filme do dia (241/2020) - "Os 12 Macacos", de Terry Gilliam, 1995 - Ano de 2035. Um vírus se disseminou pela Terra, matando cerca de 4/5 da população e obrigando os seres humanos sobreviventes a viver nas profundezas do planeta. James Cole (Bruce Willis), um condenado a prisão perpétua, é enviado para o passado para tentar arrecadar informações acerca do vírus e de como ele se disseminou.





O diretor Terry Gilliam tem verdadeira adoração por mundos fantásticos e realidades distópicas, como podemos ver em "Brazil, O Filme" (1985) e "O Teorema Zero" (2013). Aqui, mais uma vez, ele investe no tema da distopia, criando um futuro de pesadelo para a humanidade e trazendo, no bojo, inúmeras críticas à realidade atual, que vão do consumismo desenfreado à defesa do direito dos animais. Interessante perceber que, como a realidade de cá (a nossa), a de lá é igualmente doente, pois evidentemente cimentada sobre um regime autoritário e sem qualquer respeito pelos direitos humanos (basta ver como são "decididos" os "voluntários" para subir à superfície e/ou viajar no tempo). Terry Gilliam cria um ambiente sufocante, claustrofóbico, para o mundo do futuro, uma vez que o ser humano foi obrigado a se amontoar em túneis e cavernas artificiais para sobreviver. O personagem James Cole, por sua vez, por vivenciar a viagem no tempo, um procedimento que seria bastante agressivo para os neurônios, começa a ficar confuso e é divertido como Gilliam trabalhou a confusão mental do protagonista com o uso de uma lente grande angular que distorce as imagens, bem como pelo uso de uma montagem meio esquizofrênica. A narrativa é não-linear, mas relativamente fácil de acompanhar, fluindo fácil entre passado e futuro. O ritmo é muito intenso, com poucas cenas de distensão. O trabalho da direção de arte é estupendo, criando um ambiente caótico para o futuro, bem ao estilo cyberpunk, todas as cenas repletas de detalhes cenográficos, impossíveis de absorver completamente. A fotografia é usada como mais um elemento para a construção desse universo distópico, com planos muito peculiares, uso de lentes diferenciadas para distorcer imagens, dentre outros usos criativos. Quanto às interpretações, Bruce Willis interpreta Bruce Willis, como absolutamente sempre (por mais que eu goste demais do ator, vamos combinar que ele construiu um personagem que se repete indefinidamente pelos muitos filmes). Madeleine Stowe está bem como a Dra. Railly, mas quem rouba a cena, definitivamente, é Brad Pitt como o maluco Jeffrey Goines - ele está insuperável com seus tiques e gargalhadas fora de hora, seu olhar vidrado e sua movimentação corporal desmedida. Sua interpretação foi tão boa que foi indicado para Oscar de Ator Coadjuvante pelo papel e ganhou, efetivamente, o Globo de Ouro pelo mesmo, em 1996. A obra é bem bacana, não envelheceu e vai agradar quem gosta de ficção, ação e suspense. Ah, o desfecho aceita diferentes interpretações (descobri isso ao perceber que eu entendi uma coisa e minha filha, que assistiu ao filme comigo, entendeu outra bastante diferente). Valeu a revisão.

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