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hikafigueiredo

"Os Sonhadores", de Bernardo Bertolucci, 2003

Filme do dia (104/2016) - "Os Sonhadores", de Bernardo Bertolucci, 2003 - Paris, 1968. O jovem Matthew (Michael Pitt) conhece os irmãos Theo (Louis Garrel) e Isabelle (Eva Green). Em meio às manifestações políticas de maio de 1968, o trio desenvolverá uma relação que transcenderá a amizade e subverterá as regras estabelecidas.





Nesse cultuado filme de Bernardo Bertolucci, temos uma transposição da agitação social do período retratado, com a quebra de normas e criação de paradigmas, para o âmbito privado. O trio de protagonistas é subversivo, seus agentes são livres e dispensam os preceitos socialmente impostos. A ideia é fantástica e, até certo ponto, cumprido pela obra. Maaaaaas... eu não consegui ignorar algumas contradições e isso me incomodou profundamente. Os irmãos são livres e revolucionários... ao mesmo tempo em que são dois burguesinhos mimados, sustentados pelos pais, praticamente inúteis, já que levam a vida totalmente na flauta. Também me saltou aos olhos o machismo velado, que pouco tem a ver com uma postura revolucionária (quem cozinha para o trio e recebe críticas por não fazer isso direito? Quem "se guarda" para a pessoa certa? Quem se submete e sofre diante de uma possível rejeição? A mulher, claro...). A postura dos irmãos, em especial de Isabelle, frente aos pais, também não teve nada de rebelde, e, pareceu, para mim, infantil, covarde e, claro, mimado. Mas, apesar das severas críticas à construção dos personagens, o filme tem méritos e consegue envolver o espectador. O filme conta com uma belíssima fotografia e uma direção de arte excepcional - Bernardo Bertolucci, via de regra, faz filmes de grande beleza imagética. A trilha sonora, por sua vez, magnífica, é composta de músicas do período - Janis Joplin, Jimi Hendrix, Bob Dylan, The Doors... estupendo, um deleite! Deliciosas, ainda, são as citações e referências a filmes que pontuam a obra (os protagonistas são, os três, cinéfilos de carteirinha), dentre os quais "Persona", "Acossado", "O Picolino", "Monstros", "Os Incompreendidos",e por aí vai. As atuações são marcantes, com destaque para a linda Eva Green (diga-se de passagem, ô trio de atores bonito!!!!!). Bom... o filme é bem interessante, envolvente e tem um ótimo argumento.... mas não me apaixonei e acho, sinceramente, que ele é superestimado (serei linchada por isso, mas tudo bem). Apesar de tanta crítica, recomendo mesmo assim.

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