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hikafigueiredo

"Pi", de Darren Aronofsky, 1998

Filme do dia (254/2020) - "Pi", de Darren Aronofsky, 1998 - Max Cohen (Sean Gullette) é um gênio da matemática que, crendo que tudo no universo pode ser explicado por padrões matemáticos, busca a lógica e o padrão numérico por detrás do funcionamento e flutuações da bolsa de valores, atraindo a atenção de empresas financeiras e de um grupo de estudos místicos que crê que existe um número específico definir seu deus.





Wow... filme mindfuck por excelência, a obra acompanha a procura desesperada do personagem por um valor numérico que explique o funcionamento do mercado de ações. Ocorre que, quanto mais Max se aproxima de uma resposta, mais ele sofre com terríveis enxaquecas e mais ele se descola da realidade. O filme é meio "torturante", pois o próprio personagem vive um martírio - ele não tem paz um só instante, pois sua existência é limitada à busca e encontro de padrões matemáticos para tudo e ele é, lentamente, consumido por este seu funcionamento mental particular. Assim, se Max desce ao inferno em uma perfeita espiral de Fibonacci, o espectador o acompanha, através do filme, nessa excruciante jornada. Já aviso que o desfecho é interpretativo e não precisa ser entendido de maneira literal (eu tenho a minha interpretação para a última cena, mas aí vai de cada um). Interessante como o diretor, abraçando a tese do personagem, faz com que Max cumpra padrões ao longo do filme (as enxaquecas, os remédios, a tecla "enter/return" do computador. A narrativa flui um pouco caótica, ainda que linear, seguindo a progressiva insanidade do protagonista. O ritmo é bem ágil e crescente, tendo momento que nos arrebata o fôlego. O filme tem uma estética toda ousada - filmado em P&B, a fotografia é contrastadíssima - o preto é muito preto, o branco é estourado - e muito granulada, criando uma clara atmosfera de pesadelo à obra. Sean Gullette interpreta com afinco o angustiado Max, que é engolido pelos seus cálculos e raciocínios. Mark Margolis interpreta o antigo professor Sol e tenta alertá-lo do perigo que sofre ao se entregar às suas ideias. A obra é muito boa, mas é daquelas em que você fica tentando alcançar a totalidade do significado que teima em te escapar, então pode frustrar o espectador que quer tudo preto no branco. Eu gostei. Eu recomendo.

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