Filme do dia (126/2016) - "Sedução da Carne", de Luchino Visconti, 1954 - 1866, Veneza ainda encontra-se sob domínio Austríaco, às vésperas da total unificação italiana. Neste panorama, uma representante da nobreza italiana, a Condessa Serpieri (Álida Valli), conhece o oficial austríaco Franz Mahler (Farley Granger) e por ele se apaixona, traindo os ideais nacionalistas da nascente Itália.
Primeiro filme do diretor cuja estética não seguia os preceitos do neo-realismo italiano, este é mais uma obra prima de Visconti. Como os posteriores "O Leopardo", "Morte em Veneza" e "Os Deuses Malditos", o filme é grandioso, plasticamente impecável e magistralmente dirigido. Do ponto de vista do roteiro, a história de amor entre a nobre e o oficial tem significado muito além - representa a decadência da nobreza veneziana colaboracionista e, também, o fim da dominação austríaca na região - sim, como em todos os filmes do diretor, a história fala, no íntimo, acerca da política do período e isto se traduz em roteiro e em imagens. O fim daquela realidade política e social é espelhada nas imagens da guerra e na decrepitude dos personagens. Esteticamente, o filme é lindo, lindo, lindo. A fotografia - com a iluminação noturna de Veneza - é uma das mais perfeitas que lembro de ter visto. A direção de arte é impecável - desde o cenário até os figurinos, tudo é milimetricamente produzido para encher os olhos do espectador. O filme é muito colorido, com cores muito vibrantes. A música acompanha a grandiosidade com trechos de obras de Giuseppe Verdi. Quanto aos atores, estão ambos muito bem, com destaque para a beleza indescritível de Álida Valli que ajuda a compor toda a personagem da condessa. Ah, o filme é verdadeiramente perfeito, como tudo o que vi até hoje do diretor... Aconselho para quem gosta de obras de arte.
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