Filme do dia (268/2017) - "Umberto D.", de Vittorio De Sica, 1952 - Na Itália do pós-Guerra, Umberto Domenico Ferrari (Carlo Battisti) é um idoso que luta para sobreviver com sua parca pensão. Solitário, sua única companhia é seu cachorrinho Flike. Quando sua senhoria decide despejá-lo do local onde ele mora há vinte anos, Umberto precisa tomar uma decisão.
Nesta belíssima obra de Vittorio de Sica, temos não apenas questões específicas daquele momento histórico - a Itália destruída no pós-Guerra, o desemprego endêmico, a desilusão de todo um povo - mas, também, questões universais, que permeiam o imaginário de qualquer ser humano - a velhice, a solidão, a pobreza. O filme trata todos estes temas com incrível sensibilidade, mas sem fugir, um instante sequer, da dor que provocam - siiiiim, esta é uma daquelas obras criadas para rasgar um coração de ponta a ponta, sem anestesia. Filme tardio do neo-realismo italiano, a obra dá especial atenção aos problemas sociais aplicados à figura do idoso Umberto e mantém as características estéticas do movimento. O ritmo geral é lento, o que alonga ainda mais a agonia do espectador quanto ao sofrimento do personagem. Por outro lado, o final, poético, consegue surpreender e arrebatar qualquer público. Destaque para a bela fotografia P&B e para a interpretação delicada, emocionante e emocionada de Carlo Battisti - a vulnerabilidade de Umberto é pungente, assim como sua doçura no trato de seu querido Flike. Aliás, a figura do cachorrinho ajuda a fazer, da obra, uma das mais dramáticas a que assisti recentemente. O filme é excepcional (ainda mais para quem, como eu, curte o neo-realismo italiano). Recomendo (recomendo também uma caixa de lenços e/ou muitas barras de chocolate para acompanhar).
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