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hikafigueiredo

"Zona Verde", de Paul Greengrass, 2010

Filme do dia (49/2019) - "Zona Verde", de Paul Greengrass, 2010 - Iraque, 2003. O subtenente Roy Miller (Matt Damon) tem a missão de localizar as armas de destruição em massa que justificaram a invasão àquele país. No entanto, após uma série de incursões frustradas, oportunidades em que nada foi encontrado, Miller começa a desconfiar das fontes que revelaram informações ao governo norte-americano, indicando a existência de tais armas naquele local. Com a ajuda Freddie (Khalid Abdalla), um ex-soldado iraquiano, Miller passa a investigar o assunto.





Gosto muito de filmes que, de alguma forma, denunciam conchavos políticos e interesses escusos que existem sob uma aura de "defesa da liberdade", "ajuda humanitária" e "restabelecimento da democracia" - e, vamos combinar, nada mais atual que discutir os interesses por trás de manobras políticas em "países vizinhos" (*cof cof*). Entretanto, essa foi uma obra que ficou bem aquém do que eu esperava. Primeiro porque denunciar o que todo mundo já sabia, mas fingia não saber, soa, em meus ouvidos, como pura hipocrisia - e, nesse tipo de filme-denúncia, hipocrisia é um pecado que não cabe e não merece perdão. Segundo porque, via de regra, detesto a figura do "herói solitário" quando o tema é atual e não-fictício (eu a aceito de boa em filmes western ou sagas fantásticas e/ou futuristas): é completamente inverossímil que um só sujeito - ainda mais sendo um militar de baixa patente - seja o único iluminado que perceba as artimanhas por trás das condutas de seus país e exército e ainda mais improvável que ele se rebele e se volte contra seu comando superior, numa cruzada pela verdade e justiça (pelamor, né????). Terceiro, porque, comumente, nesse tipo de obra onde existe o "herói solitário", há também o "vilão solitário" - e isso rola aqui. Cara, numa obra-denúncia como essa, não fazer um "mea culpa" de TOOOOODO o país/governo/nação e impingir a responsabilidade por uma guerra inteira - UMA GUERRA INTEIRA!!!!! - à conduta de um só filho da puta, o qual age praticamente sozinho, é, mais uma vez, uma hipocrisia sem precedentes. Em outras palavras, utilizam-se do "vilão solitário" (a culpa é dele!!!!) e do "herói solitário" (nós não sabíamos!!!!!) para "passar pano" para as mais abjetas ações de uma grupo humano bem maior, seja a cúpula de todo um governo, sejam as mais altas patentes de um exército, seja toda a elite econômica de um país - e isso é algo que eu não aceito!!!! Se se propõe a ser um filme-denúncia, tem que ser de verdade, tem que tacar a merda no ventilador e se proteger da repercussão. Mas, deixando indignações de lado, eu acho que o filme peca por estas questões filosófico-éticas já expostas. Além disso, estou cansada de ver o Matt Damon no mesmo personagem de eterno bom moço salvador da pátria (excetuando o papel de anti-herói como Tom Rippley, não me lembro de outro personagem do ator que não fosse um modelo de lisura, coragem, ética, e blá-blá-blá.... :/ ). Assim, como já deu para perceber pelo o que escrevi até agora, o filme não me convenceu. Mas, olha, acho que quem curte filmes de ação e não se preocupa com as questões filosóficas atinentes, provavelmente vai gostar da obra, porque ela tem um ritmo ágil e aquela atmosfera de teoria da conspiração que, normalmente, faz sucesso com o público médio. Portanto, a não ser que você seja uma criatura chata e problematizadora como eu, há grandes chances de você curtir o filme... rsrsrsrsrs... Como euzinha sou essa chata problematizadora, eu não vou recomendar o filme não, vejam por sua conta e risco!!!! rsrsrsrs

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