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  • hikafigueiredo

"A Montanha dos 7 Abutres", de Billy Wilder, 1951

Filme do dia (392/2020) - "A Montanha dos 7 Abutres", de Billy Wilder, 1951 - Chuck Tatum (Kirk Douglas) é um repórter perdido em uma pequena cidade do Novo México, em busca de um furo jornalístico. Quando um acidente acontece e um homem fica preso em uma velha mina de carvão, Tatum vê sua grande oportunidade chegar.





Obra recorrente nas aulas de jornalismo, o filme discorre acerca de espetacularização da notícia, de manipulação midiática, de corrupção, de meios ilícitos para alcançar uma reportagem, de sensacionalismo e da falta de princípios de profissionais da área - mais ou menos uma aula de ética no jornalismo, ou melhor dizendo, da falta de ética. O personagem Tatum demonstra absoluta falta de caráter e nenhum escrúpulo no trato com a notícia e aquilo que seria um incidente sem grandes consequências torna-se o chamariz midiático e um grande circo no meio do deserto, atraindo toda a sorte de aproveitadores e curiosos, os primeiros em busca de dinheiro e prestígio, e, os últimos, atrás de informações para satisfazer sua curiosidade mórbida (o velho espírito de urubu que faz com que pessoas se aglomerem em torno de cadáveres em vias públicas). A narrativa é linear e trágica, o ritmo é intenso e a atmosfera é de tensão crescente. O personagem Tatum é maravilhosamente construído para ser um canalha com C maiúsculo, mas nem sua falta de escrúpulos imaginava o desfecho que a história teria e, por um brevíssimo momento, ele até pensa em fazer a coisa certa, em vão - afinal, há caminhos sem volta. O roteiro é enxuto, bastante cirúrgico, sem arestas a serem aparadas, e magnificamente dirigido pelo mestre Billy Wilder. Gostei demais da ambientação da mina, claustrofóbica, ainda mais em contraposição ao lado externo dela, onde impera um burburinho alegre e chocante, se pensarmos na situação. No elenco, um Kirk Douglas primoroso no papel de Chuck Tatum, Jan Sterling como a fria Lorraine, Robert Arthur como o jovem repórter fotográfico Herbie, Ray Teal como o corrupto Xerife Gus, Porter Hall como o ético Jacob e Richard Benedict como o pobre diabo Leo. O filme é excelente e trata, sem qualquer maquiagem, do jornalismo sensacionalista e manipulado. Curti demais. Recomendo muito (ainda mais em época de exacerbação da manipulação da mídia e de fake news).

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