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  • hikafigueiredo

"A Noite Devorou o Mundo", de Dominique Rocher, 2018

Filme do dia (16/2020) - "A Noite Devorou o Mundo", de Dominique Rocher, 2018 - Sam (Anders Danielsen Lie) chega ao apartamento de sua ex-namorada no momento em que uma festa acontece. Deslocado, Sam fecha-se no escritório e acaba adormecendo. Quando acorda, já no dia seguinte, descobre que a cidade está tomada de zumbis. E ele está sozinho.





Quem se aventurar por este filme atrás das típicas emoções que os filmes de zumbi tradicionais geram, sinto muito, vai se dar mal. E vai detestar, com todas as forças, a obra. Porque o filme não trabalha no terreno dos sustos e, sequer, do terror psicológico. A proposta do filme é usar o mundo dominado por zumbis como pano de fundo para discorrer sobre algo muito diferente e que nada tem a ver com os filmes de terror - a sobrevivência e, acima de tudo, a solidão. Mais do que discutir a solidão, o filme propõe pensar sobre os limites suportáveis da solidão - ou seja, até onde é suportável estar só? Então, a obra é essencialmente filosófica e está a anos-luz da "vibe" habitual dos filmes de terror - o que explica a baixa aprovação ao filme. Cabe, inclusive, salientar que nem mesmo tensão se sente ao longo da história - o sentimento que o filme desperta é uma profunda angústia aliada a um tanto de agonia. Aliás, mesmo os zumbis pouco aparecem em cena - acho que mais de 95% do filme quem aparece na tela é o personagem Sam - S-O-Z-I-N-H-O, que fique muuuuito claro. Portanto, só assista ao filme se você estiver com a intenção de divagar sobre a solidão, a condição humana, o que nos torna humanos, qual o sentido da vida e por aí afora. Sob essa perspectiva, a obra é bem bacana - e tenho de dizer que me "pegou" fácil, acabou o filme, eu estava quase em depressão, super angustiada e introspectiva. O ritmo é lento nível "filme oriental". A história se passa totalmente dentro de um edifício, então também é bastante claustrofóbica. A interpretação de Anders Danielsen Lie é convincente, mas nada de excepcional. No elenco, ainda, Denis Lavant (de "Holly Motors") como Alfred (ótimo) e Golshifteh Farahani (de "Paterson" e "A Pedra da Paciência") como Sarah. Destaque para a cena do ritual fúnebre - muito delicada e extremamente significativa - e para toda a cena de Sarah. Olha... veja com os "olhos corretos", e você vai curtir o filme - esqueça, esqueça MESMO, que é um filme de zumbi e você pode aproveitar o que a obra tem de bom. Eu me envolvi e gostei da proposta.

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