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“Fome de Sucesso”, de Sittisiri Mongkolsiri, 2023

  • hikafigueiredo
  • 20 de jul. de 2024
  • 3 min de leitura

Filme do dia (74/2024) – “Fome de Sucesso”, de Sittisiri Mongkolsiri, 2023 – Aoy (Chutimon Chuengcharoe) é a cozinheira de um pequeno restaurante familiar em um bairro humilde de Bangkok. Certo dia, Tone (Gunn Svasti Na Ayudhya), o assistente do famoso chef de cuisine Paul (Nopachai Chaiyanam), experimenta sua comida e a convida para uma seleção para entrar na equipe do renomado chef. Aoy, no entanto, rapidamente perceberá que os métodos utilizados na equipe não são fáceis de aceitar.





Já comentei, algumas vezes, que adoro filmes cujo tema é a gastronomia, motivo pelo qual me interessei por esta obra assim que coloquei os olhos nela. Pois bem, adianto que, muito embora o filme traga cenas com pratos belíssimos, daqueles que despertam todos os nossos sentidos, o que menos importa na história é a gastronomia. Este filme usa o tema mencionado para discutir questões muito mais profundas, como ética, lealdade, assédio moral, desigualdades socioeconômicas, sucesso profissional, busca por status social, solidão, dentre outras. Através da obra concluímos que ascensão profissional e sucesso financeiro vêm, quase sempre, acompanhados de uma boa dose de condutas desleais e antiéticas, quando não ilegais. Também concluímos que privilégios se perpetuam entre os mesmos grupos em qualquer país do mundo, que quem não se encontra entre os privilegiados sonha em estar e, se porventura ascende socialmente, agarra-se aos privilégios, esquecendo-se de sua origem. O filme consegue transmitir um claro mal-estar nas cenas relacionadas às elites, retratadas como fúteis, burras, grosseiras – dinheiro e poder parecem trazer consigo uma incrível incapacidade de ter empatia, bem como qualquer autocrítica. O filme traz uma imagem de que o que move os poderosos e endinheirados é puramente o status, é a intenção clara de despertar a inveja e a cobiça no coleguinha. A personagem Aoy, de origem humilde e vinda de uma família amorosa e presente, é jogada neste ambiente de frivolidade, competição, bajulação, deslealdade, onde seu talento natural é posto à prova tanto quanto suas convicções éticas. Enfim, o filme discute a podridão do mundo em que poder e dinheiro são as razões de viver. A narrativa é linear, em um ritmo bem-marcado. A atmosfera tem momentos de tensão, mas confesso que o que mais me marcou foi a sensação de ranço que aquele ambiente de luxo e riqueza despertou em mim – nunca me senti tão bem com a minha pobreza! Rsrsrsrs O roteiro se desenvolve bem, ainda que tenha sentido certa inconsistência no personagem Tone. Achei o filme extremamente visual, com uma fotografia belíssima relacionada à gastronomia. O filme não traz grandes ousadias formais, sendo, neste quesito, bastante convencional. O elenco traz Chutimon Chuengcharoe como Aoy – gostei do trabalho da atriz, principalmente sua expressividade, tanto a facial, quanto a corporal. Há muitas cenas em que ela não fala nada, mas sua expressão diz tudo. Chutimon conseguiu expor, com poucas palavras, os muitos conflitos internos vivenciados pela personagem. No papel do intragável e obcecado Paul, Nopachai Chaiyanam – também achei sua interpretação sólida, imprimindo a arrogância e a competitividade necessárias ao personagem. Como Tone, temos Gunn Svasti Na Ayudhya – o trabalho do ator não é ruim, mas achei o personagem um pouco  fraco, com atitudes erráticas e inconsistentes, problema de construção do personagem no roteiro mesmo. Por fim, como Au, Bhumibhat Thavornsiri. Eu gostei bastante da crítica constante do filme, mas achei o desfecho um pouco ingênuo e bastante romântico (sem spoilers) – ou talvez eu seja apenas muito amarga, sei lá... rs. Eu gostei e recomendo. Facinho de ver, já que produzido e distribuído pela Netflix.

 
 
 

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