Filme do dia (213/2016) - "Agnus Dei", de Anne Fontaine, 2016 - Polônia, 1945. Mathilde (Lou de Laage) é uma enfermeira francesa da Cruz Vermelha que é procurada, às pressas, por uma freira polonesa. Conduzida ao convento local, acaba por descobrir que diversas freiras haviam sido vítimas de estupro pelos soldados alemães e russos e que se encontravam em adiantada gravidez, fazendo com que Mathilde tenha de tomar uma séria decisão.
Neste delicado e, ao mesmo tempo, profundo drama, temos o foco na violência contra a mulher - não apenas porque as personagens foram vítimas de violência sexual, mas, também, por serem vítimas da sociedade, das famílias, e até das instituições religiosas. Sabe aquele papo que "a culpa nunca é da vítima"? O filme mostra muito bem como a responsabilidade e as consequências SEMPRE recaem sobre a mulher. O filme, ainda, faz uma crítica à Igreja Católica que, ao mesmo tempo que acolhe, também cala e pune aquelas mulheres. Baseado em fatos reais, o roteiro é linear e cronológico e, se não é inovador, ao menos narra a história com competência. Visualmente é um belo filme, com uma fotografia em tons frios, com predominância do branco, preto e dos tons azulados. O elenco, compreensivelmente dominado pelas mulheres, tem ótimas atuações, com destaque para Lou de Laage como Mathilde, Agata Kulesza como Madre Superiora e Agata Buzek como Irmã Maria, esta última extremamente expressiva, com olhos que dizem tudo. O ritmo geral do filme é pausado, mas nada que assuste o espectador acostumado a blockbuster - dá para levar bem de boa. Achei o filme ótimo, mas ele causa certo mal estar por conta da temática indigesta. Recomendo para quem gosta de dramas.
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