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  • hikafigueiredo

"Alemanha, Mãe Pálida", de Helma Sanders-Brahms, 1980

Filme do dia (317/2021) - "Alemanha, Mãe Pálida", de Helma Sanders-Brahms, 1980 - Durante a Alemanha Nazista, antes de estourar a Segunda Guerra, Helene (Eva Mattes) e Hans (Ernst Jacobi) apaixonam-se e se casam. Quando a guerra tem início, o casal se mantém à margem da ideologia dominante, mas Hans acaba sendo convocado para lutar no front. Helene engravida e dá a luz durante um bombardeio. Sozinha com uma filha recém-nascida, Helene terá de lutar pela sobrevivência.





Nesse dramático e tocante filme sobre a Alemanha da Segunda Guerra, inspirado por um poema de Bertold Brecht, temos um olhar incomum acerca da guerra, habitualmente retratada sob o ponto de vista dos vencedores ou, quando muito, dos soldados no campo de batalha. Aqui a obra abraça o olhar de uma mulher não simpatizante do nazismo, tampouco vinculada à qualquer movimento de resistência - uma mulher comum, cujo único desejo é tocar em paz a sua vida. Quando a guerra inicia-se, a vida de Helene é abalroada e passa a vivenciar o combate fora do front, mas, ainda, dentro da guerra. É evidente que a personagem Helene nada mais é que uma metáfora da própria Alemanha e, como o país, ela atravessa todas as fases de um combate, até alcançar o pós-guerra, tão traumático quanto a guerra em si. A obra é dura, brutal, pois o drama não se limita ao front e não só os soldados sofrem em uma guerra. O filme conta com a narração em off da personagem Hanne, filha de Helene e Hans, tem início nas vésperas da segunda guerra e se estende até bem após seu término. A narrativa é linear, em ritmo marcado. A atmosfera muda ao longo da narrativa - no começo é alegre, otimista; quando Hans é convocado, a atmosfera ganha austeridade e certa tensão; ao longo da guerra, torna-se desesperada, mas, ainda guarda uma luz de esperança; no pós-guerra, torna-se depressiva, arrasada tanto quanto a terra alemã. Formalmente, o filme é bastante convencional, mas extraordinariamente bem feito e desenvolvido. Algo que me chamou a atenção é que as bandeiras com suástica jamais são retratadas "de frente", como é comum em filmes sobre este período - elas sempre são mostradas de viés, de ângulos estranhos. A trilha sonora consiste em uma melancólica e chorosa música de piano, muito condizente com o clima da obra. Os protagonistas centrais são interpretados por Eva Mattes, simplesmente excepcional como Helene, e Ernst Jacobi como Hans, também muito bem. A obra é maravilhosa e seu olhar é incrivelmente sensível. A personagem Helene é uma fortaleza que demora a desmoronar - fiquei muito tocada tanto pela história, quanto pela personagem. Eu fiquei tão sensibilizada que não consegui digerir totalmente a história. Precisarei rever o filme em breve para absorver toda sua energia pulsante. Só digo que é excelente e me deixou impressionada com o trabalho da diretora Helma Sanders-Brahms, que também assina o poderoso roteiro. Filme incrível, recomendo demais!!!! PS - As cenas reais de Berlim no pós-guerra são desesperadoras... o horror, o horror...

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