“Antes do Pôr-do-Sol”, de Richard Linklater, 2004
- hikafigueiredo
- há 35 minutos
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Filme do dia (84/2025) – “Antes do Pôr-do-Sol”, de Richard Linklater, 2004 – Nove anos após se conhecerem no trem para Viena, Céline (Julie Delpy) e Jesse (Ethan Hawke) se reencontram, agora em Paris. Ele, um escritor em ascensão, ela uma ativista socioambiental, percebem que ainda têm muito a falar, inclusive sobre o que seu primeiro encontro significou na vida der cada um deles.

O segundo filme da “Trilogia do Antes” foi produzido realmente nove anos depois do primeiro e se passa em tempo real, diferentemente do filme anterior. Aparentemente, os filmes do “Antes” não foram apenas um laboratório para o incrível “Waking Life” (2001), mas também para o inacreditável “Boyhood” (2014), que acompanhou doze anos dos personagens/intérpretes. Nesta obra, reencontramos Jesse e Céline – agora mais velhos, mais maduros e definitivamente mais desiludidos. No entanto, a conexão entre os protagonistas – e entre estes e o espectador – conseguiu ficar ainda mais intensa. A estrutura geral segue a mesma do filme anterior – os personagens continuam seus diálogos intermináveis, sem qualquer momento de silêncio incômodo, mas, agora, eles estão mais focados, mais objetivos. Eles continuam querendo saber um do outro, só que agora eles têm de onde “retomar” e seu interesse está mais centrado nas questões relacionais voltadas para o romance. Aqui temos a resposta sobre o planejado reencontro após seis meses e a quantas andas a vida amorosa de cada um. Também percebemos que ambos perderam certo encanto pela vida, já não sonham como antes – pelo menos até se reencontrarem, pois se reverem parece trazer o brilho e a esperança de volta para seus olhares. Ainda que esta obra e a anterior sejam bastante parecidas, esta abraça o gênero romance com muito mais convicção – e, admito, fui arrebatada de uma forma surpreendente, uma vez que eu geralmente não curto qualquer história muito romântica, mas, aqui, fiquei sinceramente tocada e envolvida pelas histórias dos personagens. E torci. Torci muito para que eles não se afastassem novamente, para que eles se dessem uma chance e que eles apostassem alto nos seu futuro junto (óbvio que eu não vou dar spoiler). Assisti ao filme há algumas horas, mas ainda estou claramente apegada à história e aos personagens (retomamos nosso relacionamento a três, conforme disse na resenha anterior). Sem cair na pieguice, é tudo muito delicado e sensível (o livro... a valsa...), a narrativa me pegou de jeito, a ponto de eu estar com medo de ver o terceiro filme da trilogia (por favor, não maltratem meu coraçãozinho peludo!!!). A química entre Hawke e Delpy – que eu nem achava que tinha tanto no primeiro filme – foi multiplicada por um milhão e me pareceram perfeitos para os papeis desde que nasceram. Eu ainda vi uma beleza no envelhecimento deles – do primeiro filme para o segundo, é bem visível a mudança de feições, muito embora eles ainda sejam jovens -, não sei explicar, mas eu senti coisas que o primeiro não me fez sentir em relação aos personagens e à conexão deles. Eu gostei muito da obra de abertura, mas, essa aqui é simplesmente a perfeição em forma de narrativa, eu estou embriagada dela, apaixonada, sei lá... O filme foi indicado ao Oscar (2005) na categoria de Melhor Roteiro Adaptado (por ser uma continuação) – roteiro esse que teve a participação de Hawke e Delpy na sua confecção. Eu amei o filme com fervor religioso e recomendo demais!!!! Disponível em streaming pelo Prime Video e para comprar/alugar no Apple TV.
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