“Irmã Morte”, de Paco Plaza, 2023
- hikafigueiredo
- 13 de out.
- 3 min de leitura
Filme do dia (82/2025) – “Irmã Morte”, de Paco Plaza, 2023 – Espanha, 1939. A pequena Narcisa é reverenciada como menina santa ante suas visões sagradas. Dez anos depois, agora noviça, Narcisa (Aria Bedmar) chega a um convento para dar aulas e se ordenar freira. No entanto, a jovem é atormentada por terríveis pesadelos e visões, demonstrando que aquelas paredes guardam inúmeros segredos escondidos.

Neste filme espanhol de terror sobrenatural voltamos nossas atenções para um convento no interior da Espanha, transformado em escola para garotas, onde estranhos acontecimentos atormentam as jovens alunas. A noviça Narcisa é enviada para o local para dar aulas às internas, mas, rapidamente, ela percebe que algo de anormal paira por ali. Os pesadelos assustadores e as visões perturbadoras de Narcisa conduzem a narrativa, que revela, paulatinamente, elementos de uma história espúria e secreta. Um acontecimento extraordinário será a porta para todo um passado escondido e a tão esperada resposta para as mágoas enterradas. Então... a obra traz algumas boas ideias, consegue estabelecer uma atmosfera de tensão crescente, é hábil em criar uma empatia do espectador para com a protagonista Narcisa, mas, infelizmente, se perde um pouco no excesso de detalhes e ganchos. Um exemplo é a questão da guerra civil espanhola – este sangrento episódio da história da Espanha surge como uma importante referência na narrativa, mas é tão pouco aproveitado que não faria qualquer diferença se não estivesse ali - o que eu quero dizer é que a violência da guerra é subutilizada na narrativa e poderia ser, tranquilamente, substituída por outro caso de violência que não bélica. Há uma cena, em específico – a do confessionário – que, simplesmente, não faz sentido para o restante da história, pois acena com uma possibilidade que não se concretiza. Quando todos os acontecimentos passados são revelados, aquele fragmento fica perdido do restante, não encaixa, não “dá liga”! Em suma: parece que o diretor se preocupou tanto em criar uma atmosfera sombria e assustadora que esqueceu que o que quer que fosse colocado para dar o “climão”, precisava compor com os demais elementos oferecidos ao longo da trama! Ah, então o filme é horrível? Não, não é! Ele tem vários méritos, mas a narrativa não se sustenta após uma análise um pouco mais apurada. Talvez seja eu que procure pelo em ovo, mas eu achei uma história com diversas fragilidades e muitas ideias boas que foram mal costuradas entre si. Pontos positivos: a já mencionada atmosfera; a ambientação, uma vez que foi usado um mosteiro real (Mosteiro de Sant Jeroni de Cotalba), o que, para mim, já é garantia de um fator extra de tensão; a ótima fotografia colorida que utiliza bem a luz contrastada para fazer recortes e auxiliar na formação de atmosfera; a interpretação cativante de Aria Bedmar como Narcisa – a atriz imprime na personagem uma fragilidade tão grande e, ao mesmo tempo, uma empatia desta para as demais personagens tão evidente, que o espectador tem vontade de abraçá-la! O restante do elenco, por sua vez, não fez feio, trazendo Almudena Amor como Irmã Socorro, Maru Valdivielso como Irmã Júlia; Luisa Merelas como Madre Superiora; Sara Roch como Rosa; e Consuelo Trujillo como “Irmã Morte”. Eu achei o filme razoável – nem tão bom como os bons filmes de terror, tampouco ruim como alguns tantos que grassam por aí no gênero terror. Podia ser mais bem trabalhado, na minha opinião. Recomendo só para amantes do gênero. Disponível na Netflix.



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