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"As Aventuras de Pi", de Ang Lee, 2012

  • hikafigueiredo
  • 15 de set. de 2021
  • 3 min de leitura

Filme do dia (268/2021) - "As Aventuras de Pi", de Ang Lee, 2012 - O jovem Pi (Suraj Sharma) imigra para o Canadá com sua família. Durante a viagem, o navio em que estão naufraga e Pi sobrevive junto com alguns animais, incluindo um tigre de Bengala, com quem acaba dividindo um bote e uma história.





Baseado no livro homônimo, de Yann Martel, o filme narra uma fantástica história de sobrevivência e obstinação na figura do jovem Pi, que sobrevive, contra todas as probabilidades, a um naufrágio e a meses à deriva no mar. Segundo a narrativa de Pi, já adulto, ele divide seu bote com um tigre de Bengala, com quem acaba por estabelecer uma forte ligação. Ele descreve, com detalhes, sua aventura para um escritor interessado na história, que ouve, maravilhado, a fantasiosa narrativa. A certa altura, no entanto, vem uma segunda versão de sua sobrevivência, muito menos romântica e colorida, onde é possível relacionar seus agentes com aqueles da primeira versão- o que o próprio escritor faz, trazendo uma leitura mais real da história "principal". Assim, o filme encontra-se nos limites entre drama, aventura e fantasia, sem "fincar pé" definitivo em nenhum destes gêneros. A obra, por seu "formato", me remete a um outro filme, com o qual vejo certa semelhança: "Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas" (2003), simplesmente ótimo. A narrativa é não linear, sendo, a maior parte dela, em "flasback", retornando, de tempos em tempos, ao presente (o momento em que Pi adulto narra sua história ao escritor). O ritmo é irregular, alternando cenas bem lentas com outras frenéticas. A atmosfera mistura angústia com um certo sentimento de determinação e esperança - ainda que saibamos que Pi sobrevive à experiência, tanto que relatando a história para o escritor, a sensação de abandono, solidão e desesperança continua rondando o espectador. Se o conteúdo é bastante emocionante, a forma não fica nada atrás. Visualmente, o filme é deslumbrante, daqueles que vale a pena ver no cinema de tão impactante que são suas imagens. Por outro lado, é fato que quase tudo o que vemos em cena é puro trabalho de computação gráfica, o que sempre me desanima um pouco (se pensarmos que é possível fazer qualquer coisa em CGI, a beleza visual de um filme acaba ficando muito por conta da competência de programadores, completamente afastada da realidade, o que eu acho uma pena). Temos de convir que os efeitos especiais do filme são excepcionais - reza a lenda que Ang Lee teve de provar que o tigre não era real e que não sofrera maus tratos durante as filmagens rs. O filme é tão perfeito visualmente que foi agraciado com o Oscar, o BAFTA e o Critics' Choice Award nas categorias de Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Visuais. A trilha sonora de Mychael Danna, também recebeu o Oscar e o Globo de Ouro em 2013. No elenco, Suraj Sharma surpreende como Pi jovem - o rapaz nem ator era ao conseguir o papel e fez um trabalho impressionante em sua estreia, especialmente se lembrarmos que ele passa a maior parte do filme contracenando com imagens de CGI!!!! Haja imaginação para atuar com o intangível! Irrfan Khan interpreta Pi adulto - fiquei tocada com a cena em que ele chora lembrando de Richard Parker; Gérard Depardieu interpreta o cozinheiro do navio; Rafe Spall, o escritor; Adil Hussain, o pai de Pi, Tabu, a mãe. Pela obra, Ang Lee foi contemplado com o Oscar de Melhor Diretor em 2013 - ainda que eu goste demais do filme, eu não o acho superior a "O Segredo de Brockeback Mountain" (2005) e "O Tigre e O Dragão" (2000). De qualquer forma, a obra é bem bacana e vale a pena ser conferida.

 
 
 

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