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  • hikafigueiredo

"Bem-vindos a Marwen", de Robert Zemeckis, 2018

Filme do dia (163/2020) - "Bem-vindos a Marwen", de Robert Zemeckis, 2018 - Após ser selvagemente agredido, o ilustrador Mark Hogancamp (Steve Carell) perde a memória e sua capacidade de desenhar. Para lidar com seus problemas, Mark cria a fictícia cidade de Marwen e passa a fotografar seus "habitantes" - bonecos que representam as pessoas de sua vida.




Baseado na história real de Mark Hogancamp, a história, a primeira vista, parece até singela, mas, se o espectador parar para pensar um pouco, percebe que ela é extremamente pesada e cruel e não tem nada da leveza que o filme tenta passar em um esforço de parecer uma "história de superação". Mark Hogancamp foi espancado impiedosamente porque ousou admitir, em um bar, que gostava de usar, eventualmente, sapatos femininos. Vítima de crime de ódio por homofobia - ainda que, em momento algum tenha afirmado ser homossexual - Mark ficou com sequelas físicas e emocionais irrecuperáveis. Além de perder toda a sua memória e sua coordenação motora - impedindo-o, para sempre, de voltar para sua atividade habitual, o desenho de ilustrações -, restou-lhe o trauma de ter sofrido tamanha violência que lhe roubou, até mesmo, uma parte de sua capacidade cognitiva. Na tentativa de trabalhar todas essas questões - tanto as físicas, quanto as emocionais - ele construiu uma cidade em miniatura, batizada de Marwen (junção dos nomes Mark e Wendy) e passou a fotografar os "habitantes" da cidade em situações extremamente realistas. Ainda que daí tenham surgidos fotografias artísticas estupendas, a ideia de ter de se valer deste meio para conseguir, praticamente, sobreviver - pois Mark sequer conseguia ter interação com outras pessoas e lidava com essas questões emocionais sempre através dos bonecos, representações das pessoas que conhecia - é muito triste!!!! O filme, enfim, tenta dar leveza a essa realidade horrorosamente dramática, o que não me agradou. Não cheguei a detestar o filme - ele é bonitinho, eu sei - mas achei cruel a tentativa de fazer um drama dessa magnitude se encaixar naquele blá-blá-blá de superação. O roteiro abarca um pequeno fragmento da vida de Mark após a tragédia e mescla, de maneira bastante interessante, a sua vida real (em live action) com a sua imaginação, à partir das narrativas criadas usando os bonecos (em animação computadorizada que simula stop-motion). Boa parte da história é narrada através de animação e lamentei que não tenha sido feita em stop-motion de verdade, técnica que eu adoro desde os desenhos "Miu e Mau" e o filme "Fúria de Titãs" (o original de 1981) - ainda assim, foi o que eu mais gostei do filme. No papel de Mark temos um Steve Carell bastante bem - apesar de adorá-lo em papeis cômicos, eu o acho um ator bem versátil e também gosto de alguns papeis dramáticos que interpretou, com destaque para suas atuações em "Pequena Miss Sunshine" (2006), "Foxcatcher" (2014) e "A Grande Aposta" (2015); e no papel de Nicol, a sem sal Leslie Mann. O filme está bastante aquém de outros do diretor, responsável por obras icônicas como "De Volta para o Futuro" (1985), "Uma Cilada para Roger Rabbit" (1988), "Forrest Gump" (1994) e "Náufrago" (2000), dentre outras, mas não chega a ser desprezível, dá para assistir.

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