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hikafigueiredo

"Blindspotting", de Carlos López Estrada, 2018

Filme do dia (06/2021) - "Blindspotting", de Carlos López Estrada, 2018 - A três dias do fim de sua condicional, Collin (Daveed Diggs) presencia uma ação policial que acaba com um homem negro morto. O incidente mexerá com a relação de Collin com seu melhor amigo Miles (Rafael Casal).





É tão gostoso se deparar com filmes bacanas e surpreendentes acerca dos quais você não tinha qualquer informação além da indicação de algum amigo! Este foi o caso deste filme. Com uma estrutura narrativa que trabalha majoritariamente com o tempo presente, mas inclui lembranças, sonhos e alucinações do protagonista, o filme discorre, acima de tudo, sobre o racismo estrutural, aquele racismo subterrâneo, que perpassa o imaginário das pessoas e que é o mais difícil de combater, pois, muitas vezes, inconsciente. Nesse sentido, é perfeita a explicação do que seria o "blindspotting" do filme, que se relaciona com o que seu cérebro registra quando você vê alguma coisa sem perceber suas nuances. Ao longo da narrativa, vemos o personagem Collin, negro, policiando-se constantemente para evitar situações de risco para si próprio, enquanto Miles, branco, pode se dar ao luxo de fazer muitas besteiras sem se preocupar com a sua segurança - isso é um exemplo de produto de racismo estrutural. Apesar do tema espinhento e doloroso, o filme é delicioso de ver - ele é criativo, ele tem um ritmo super marcado e soluções originais para transmitir ideias e sensações. Sem entrar em muitos detalhes para não estragar a experiência cinematográfica do amiguinho, destaco algumas cenas: o pesadelo de Collin sobre o tribunal, simplesmente estupendo; a alucinação de Collin no cemitério, forte e perturbadora; a cena em que o motivo da prisão de Collin é descrita, divertida como ocorre; e a passagem na casa do policial, fiquei com a respiração suspensa durante toda a cena. A edição do filme, muito compassada, ágil, chamou muito a minha atenção, assim como a deliciosa trilha sonora cheia de black music (algum soul, muito rap). A atmosfera do filme é bem curiosa - ela alterna momentos de muita tensão, com outros bem relaxados, bem de boas, ao longo da narrativa toda. Simplesmente AMEI o personagem Collin, interpretado com maestria por Daveed Diggs; Rafael Casal interpreta, igualmente ótimo, o "branco" Miles. No elenco, Jasmine Cephas Jones como Ashley, companheira de Miles, e Janina Gavankar como Val, ex-namorada de Collin. Não foi a toa que Daveed Diggs e Rafael Casal estiveram tão à vontade em seus personagens - ambos são os roteiristas do filme. Adorei, ainda, o hábito de Collin e Miles conversarem rimando, como se numa batalha de rap - muito bacana. O filme é ótimo, delicioso, trata de temas pesados, mas de uma maneira agradável (dentro do possível, claro). Recomendo demais e é desses filmes que você se pergunta COMO não é mais divulgado...

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