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hikafigueiredo

“Brancaleone nas Cruzadas”, de Mário Monicelli, 1970

Filme do dia (51/2023) – “Brancaleone nas Cruzadas”, de Mário Monicelli, 1970. Itália, século XI. Brancaleone (Vittorio Gassman) une-se a um beato e seus seguidores em busca da Terra Santa. Em uma batalha, o grupo é atacado e todos morrem, com exceção de Brancaleone. Ele forma um novo “exército” de maltrapilhos e famintos e acabam salvando um bebê, herdeiro de um trono, da morte. Decidido a devolver a criança para seu pai, Brancaleone e sua trupe partem para uma nova jornada, agora a Jerusalém.





Tendo início de onde o filme anterior terminou, “Brancaleone nas Cruzadas” segue a mesma linha da obra original, sendo, também, uma comédia italiana que versa sobre a Idade Média, seus pilares e costumes. Não obstante continuemos com o mesmo humor ácido e o mesmo tom satírico, percebo uma diferença que fez com que eu gostasse bem mais da obra anterior: aqui, ainda que Brancaleone continue sendo aquela figura romântica, ingênua e cheia de orgulho, bem como continue a seguir os rígidos preceitos de honra e lealdade da Idade Média, ele se mostra bem menos “atrapalhado” do que no que filme antecedente. Se no “O Incrível Exército de Brancaleone” o protagonista coloca pés pelas mãos e todos seus planos dão errado, aqui boa parte de suas ações denotam verdadeiro heroísmo e chegam mesmo a ter uma boa dose de sucesso. Seu “exército” continua sendo de desvalidos, rejeitados e miseráveis, mas Brancaleone parece bem menos sonhador e idealista que no filme anterior. Confesso que gosto mais da formação do “exército” do filme original, até mesmo pela presença de Gian Maria Volonté, maravilhoso como o cínico Teofilatto – senti falta de um personagem com alguma dose de cinismo aqui, pois o grupo parece bem mais inocente. Outra coisa que não curti muito é que aqui ocorrem algumas coisas fantásticas, ao contrário da obra anterior, onde tudo era realista e verossímil. Por outro lado, temos a presença de Stefania Sandrelli como a bruxa Tiburzia da Pellocce, certamente a melhor personagem depois de Brancaleone. O filme continua com a mesma fotografia muito saturada e com plano bem abertos, mas perde muito por ter bem menos locações reais em castelos e feudos medievais (até porque uma boa parte acontece na “Terra Santa”). Os figurinos também estão menos arrojados e exagerados, algo que eu havia curtido no original. A música continua sendo a mesma do filme anterior, mas tive a sensação de que ela toca menos vezes ao longo da narrativa. O elenco, além de Vittorio Gassman e Stefania Sandrelli, também traz Adolfo Celi, Beba Loncar, Gigi Proietti, Lino Toffolo, dentre outros. Destaque para a cena da árvore dos enforcados, muito impressionante, e para a cena do julgamento de Tiburzia. Olha... eu até gostei, mas acho que fica aquém do filme anterior. Em todo caso, não é um mau filme, por isso recomendo.

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