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  • hikafigueiredo

“Buio Ômega”, de Joe D’Amato, 1979

Filme do dia (102/2023) – “Buio Ômega”, de Joe D’Amato, 1979 – Frank (Kieran Canter) é um jovem taxidermista órfão cuja namorada Anna (Cinzia Monreale) morre misteriosamente em decorrência de uma magia promovida pela governanta do rapaz, Iris (Franca Stoppi). Desesperado, Frank decide embalsamar a namorada para preservar sua beleza, sendo o início da degradação da saúde mental do jovem.





Por diversas vezes já comentei que o tipo de terror que me agrada é aquele voltado às coisas sobrenaturais, com especial predileção ao terror psicológico, que se vale da imaginação do espectador mais do que de cenas explícitas. Raras são as ocasiões em que me pego gostando de filmes de terror cuja história é mais palpável, mais verossímil e que se afasta pouco de uma realidade possível. Justamente por isso, já seria improvável que eu curtisse essa obra, uma vez que ela envereda por uma narrativa viável, focando no desequilíbrio mental e emocional de um jovem que, rapidamente, tornam-no um serial killer. Nesse sentido, o filme se amolda aos subgêneros gore e slasher e exibe uma violência gráfica extremamente explícita que me causa asco, mas não medo. Evidente que, para quem gosta desses subgêneros, a obra pode ser bastante instigante, mas, para mim que não curto, foi um tour de force chegar ao seu fim. A narrativa é linear, num ritmo marcado. A atmosfera é de suspense e tensão, alcançando níveis de profundo desconforto em cenas de eviscerações e mutilações. Há pelo menos duas cenas indigestas – a do preparo do corpo da personagem Anna para ser embalsamado e a do esquartejamento de uma vítima: argh, que nojo. Não bastasse todo esse conteúdo que me é abjeto, a obra também não me convenceu por sua forma. Tratando-se de evidente filme de baixo orçamento, não existe nele grandes preocupações com quesitos técnicos ou uma linguagem cinematográfica mais trabalhada. Achei a fotografia primária – ela é completamente “lavada”, com cores desmaiadas, sem contraste ou saturação, bem como não tem nuances, não brinca com claros e escuros, não apresenta espessura. Mesmos os enquadramentos, com raras exceções, pareceram aleatórios e pouco “pensados”. A trilha musical traz um som de sintetizador muito típico do início da década de 1980 que, para mim – nessa ou em qualquer outra obra -, me parece absolutamente deslocado. O filme possui pouquíssimos efeitos visuais e se vale de ângulos de câmera e tipos de plano para dar a impressão de mutilações, esquartejamentos e eviscerações – e aqui admito que o diretor fez um belo trabalho, pois essas cenas são bem convincentes. Como quase todo filme italiano dessa época, há imensa oferta de corpos femininos nus, em uma objetificação da mulher que (sempre) me incomoda. Não posso dizer que as interpretações exibem grande qualidade, com exceção de Franca Stoppi, que interpreta a governanta Iris, a melhorzinha do elenco. Kieran Canter me soou pouco convincente e inexpressivo. Cinzia Monreale é a pior, canastríssima no pouco tempo que possui em cena. Franca Stoppi merece algum mérito, ao menos pela cena do esquartejamento, em que ela esteve bastante bem. Retomando o que disse no início do texto, não é filme para mim pelos mais diversos motivos. Não me agradou, ainda que possa agradar quem curte gore. “Passo”, sem arrependimento.

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