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hikafigueiredo

"Demônio com Cara de Anjo", de Richard Loncraine, 1977

Filme do dia (63/2022) - "Demônio com Cara de Anjo", de Richard Loncraine, 1977 - Após a morte prematura de sua filha, a dona de casa Julia (Mia Farrow) foge do marido e se instala em uma nova residência, local onde ela passa a ser assombrada pelo espírito de uma criança.





Após quase dez anos do irretocável "O Bebê de Rosemary" (1968), Mia Farrow volta a ser aterrorizada através da maternidade nesta obra que discute a culpa e a maldade em seu estado puro. A personagem Julia convive com a culpa de ter contribuído pelo falecimento de sua jovem filha, muito embora não tivesse qualquer intenção de provocar sua morte. Profundamente abalada com a perda, ela não consegue mais sustentar um casamento falido, abandona o marido e busca um novo imóvel para morar. Ela busca o apoio de seu amigo Mark e de sua cunhada Lily, mas sua fragilidade psicológica mostra-se evidente. Informações acerca da sua nova residência fazem com que Julia comece uma perigosa investigação acerca de estranhas mortes ocorridas nos arredores. O filme trabalha, com certa eficiência, com o terror psicológico, criando, paulatinamente, uma tensão crescente e persistente. Apesar da obra ter uma trama um pouco intrincada, ela é fácil de acompanhar e, até o final do filme, qualquer questão mais nebulosa encontra respostas. A narrativa é linear, em ritmo de lento a moderado, como usualmente são os filmes de terror psicológico. A atmosfera é de tensão e angústia, pois a tristeza da protagonista não desaparece um minuto sequer de cena. Achei o poder da criatura que assombra Julia um tanto quanto exagerado, mas nada que estrague o filme. Achei a fotografia da obra muito boa - as posições de câmera são bem variadas e criativas, procurando sair do óbvio; inúmeros são os plongées e contra-plongées e não faltam ângulos inventivos. O planos são predominantemente médios ou próximos e não raras vezes criam uma sensação de aprisionamento. Não percebi nenhum uso muito criativo da edição de som e a música faz o básico neste tipo de filme - auxilia na criação de "climão". O elenco traz Mia Farrow como protagonista - ela imprime bastante angústia na sua personagem e, já perto do final, percebemos certa evolução em sua Julia; no papel do marido da personagem, Keir Dullea, numa interpretação correta mas sem brilho; no papel de Mark, Tom Conti, e, como Lily, Jill Bennett, ambos muito bem em seu trabalho. Destaque para a cena da morte da filha - muito boa e impressionante - e para a cena final. A obra traz alguns clichês meio difíceis de engolir - como a imagem da assombração no espelho e as quedas nas escadas - mas, no cômputo geral, é um filme bem razoável. Não figuraria entre os melhores filmes de terror que eu já vi, mas não é de se jogar fora tampouco. Mediano, recomendo para quem é muito fã do gênero.

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