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  • hikafigueiredo

"Estados Unidos pelo Amor", de Tomasz Wasilewski, 2016

Filme do dia (112/2018) - "Estados Unidos pelo Amor", de Tomasz Wasilewski, 2016 - Polônia, 1990. Após a queda do Muro de Berlim e o paulatino esfacelamento do bloco socialista, a Polônia vive um momento de euforia e o desejo por liberdade e mudança. Nesse cenário, quatro mulheres solitárias e infelizes, cujas vidas se tocam, almejam por amor e por um futuro promissor.





Árido, circunspecto e desesperançoso: esse é o clima desta obra. Beirando o niilismo, o filme retrata quatro vidas, quatro diferentes dores, quatro solidões. As histórias apenas se roçam, mas são apresentadas isoladamente em três blocos distintos, cada qual em sua própria cronologia e, em todas, a busca desesperada pelo amor e a necessidade premente pela conexão com o outro. É bem interessante como o diretor consegue transferir o vazio das personagens para o espectador, de maneira que a solidão e o sofrimento das quatro mulheres torna-se quase palpável, e isso é alcançado, principalmente, através do uso da própria linguagem cinematográfica. Wasilewski, por inúmeras vezes, faz uso de planos médios ou abertos, com uma câmera fixa, onde a ação acontece em alguma extremidade do quadro, mantendo o centro do quadro em total imobilidade. (há pelo menos uma cena em que a ação é praticamente cortada, ficando quase fora do enquadramento); também são comuns cenas de câmera na mão acompanhando a ação, em algo que sugere uma linguagem jornalística. A fotografia é limpa, mas as cores são completamente esmaecidas, como se houvesse um véu entre a cena e o espectador. Silêncios longos e incômodos são fartamente utilizados, causando uma sensação angustiante de solidão extrema. As interpretações, da mesma forma, são contidas, retraídas, como as próprias personagens. O filme é muito bom, mas não é para todos os bicos não - muita gente não vai entrar no clima e vai achar um marasmo sem fim. Mas, para quem consegue ter uma relação sensorial com o cinema, vale a pena.

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