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  • hikafigueiredo

"Krakatit", de Otakar Vávra, 1948

Filme do dia (12/2022) - "Krakatit", de Otakar Vávra, 1948 - Após desenvolver um poderosos explosivo, com potencial para destruir o planeta inteiro, um químico passa a delirar, revivendo os últimos acontecimentos de sua vida, arrependido por sua criação.





Baseado no romance homônimo de Karel Capek, esta obra tcheca traça um paralelismo entre a questão atômica e a trama do livro, curiosamente lançado em 1922, portanto, bem antes dos primeiros testes com bombas atômicas. Ao longo da história, o personagem Prokop, o químico criador do explosivo Krakatit, vai sofrer e ter de lidar com os desdobramentos de sua criação - embates pela posse do Krakatit, testes e mais testes fatais, a possibilidade da destruição do mundo e o extermínio de todas as vidas do planeta. A narrativa é não-linear, posto tratar-se de um longo delírio febril do personagem na qual muitos acontecimentos se amalgamam misturados, ainda, com delírios e muita confusão mental do protagonista. O ritmo é moderado, com alguns picos de maior intensidade. A atmosfera é de tensão, angústia e confusão, trazendo toda a perturbação do químico que, embora criador do terrível explosivo, tem como norteador a paz e não os conflitos armados. A obra é, evidentemente, um libelo pacifista, tendo, o romance original, previsto o futuro desenvolvimento das armas nucleares, bem como o surgimento de governos fascistas na Europa. Formalmente, o filme traz uma linguagem pouco convencional, aproveitando a liberdade que o mote - delírio febril do protagonista - proporcionou. Assim, cenas se misturam, efeitos de fotografia são aproveitados (como o recorte dos personagens sobre um fundo diferente), efeitos especiais incipientes são utilizados (como os personagens que viram pedra), tudo visando transmitir a sensação de delírio e confusão do personagem. A fotografia P&B contrastada, por vezes, remete à estética do expressionismo alemão, o que ajuda a "pesar" o clima. O elenco é encabeçado por Karel Höger como Prokop, muito convincente como o conturbado químico, exalando toda a angústia de alguém que se vê responsável por uma potencial exterminação em massa de vidas, trazendo ainda Florence Marly, Frantisek Smolik, Eduard Linkers, Miroslav Homola, Jiri Planchy e Natasa Tanská. A obra, que mistura mistério, drama e ficção científica, é interessante, mas confesso que tive de lutar contra o sono mais ou menos no meio do filme. Do diretor, gostei mais de "O Martelo das Bruxas" (1970). Dentro da temática "questão nuclear", prefiro também outras obras como "Pânico no Ano Zero" (1962), "O Dia Seguinte" (1983), "Terra Tranquila" (1985), o "soco no estômago" "Catástrofe Nuclear" (1984), além de "Black Rain" (1989) e a animação "Gen - Pés Descalços" (1983), os dois últimos acerca de Hiroshima e Nagasaki. Recomendo com ressalvas.

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