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  • hikafigueiredo

"O Inimigo Desconhecido", de George P. Cosmatos, 1983

Filme do dia (99/2022) - "O Inimigo Desconhecido", de George P. Cosmatos, 1983 - Enquanto o executivo Bart Hughes (Peter Weller) enfrenta um grande desafio profissional, ele descobre que uma terrível e furiosa ratazana instalou-se em sua residência recém-reformada, exatamente no momento em que sua esposa viaja com o filho do casal, de forma que se vê sozinho com a "fera".





Este é aquele tipo de filme que, se não estivesse dentro de um box adquirido por conta de outras obras, eu jamais veria. No geral não gosto de "natural horror" - histórias de terror fundadas em elementos da natureza, sejam animais ou vegetais, que se voltam contra os seres humanos, transformando-se em inimigos mortais e implacáveis -, até porque, pela minha natureza, acabo tendo simpatia pelos supostos "vilões" das histórias e, com certa frequência, termino "torcendo" por eles. Nesta obra, o catalisador do terror é uma enorme e feroz ratazana que se instala na casa do protagonista, transformando a vida dele em um verdadeiro inferno. Se o filme fosse só isso, provavelmente iria detestá-lo, isso se conseguisse chegar ao seu desfecho, mas a obra aposta em uma perspectiva que transforma a narrativa em algo um pouco mais interessante: a obsessão do personagem pelo intruso. Mais do que apenas acompanhar os estragos causados pelo hóspede indesejado, a narrativa foca na gradativa fixação de Bart pelo animal. Assim, o foco vai saindo lentamente das questões profissionais - já que o personagem encontra-se em um delicado momento na empresa onde trabalha - e volta-se para a sua casa e para seu mundo interior, tornando-se uma verdadeira paranoia. Esta perspectiva me fez o filme ser mais palatável e prendeu minha atenção o suficiente para eu chegar até o final da obra. Apesar disto, como sempre acontece nos filmes de "natural horror", existem exageros difíceis de ignorar - a ratazana da história é mais inteligente que o personagem e acaba se tornando um inimigo por demais sagaz, um verdadeiro estrategista rs. A narrativa é linear e bastante convencional, em um ritmo bem marcado e crescente. A atmosfera é de desespero e pesadelo quanto mais caminhamos para o final. A fotografia do filme assume, um sem fim de vezes, o ponto de vista do animal, que fica à espreita do protagonista, além de se esgueirar pelos cantos e interstícios da construção, fazendo com que o acompanhemos por buracos, canos e demais passagens apertadas e diminutas (meio claustrofóbico isso). A edição de som privilegia os ruídos estranhos provocados pelo visitante malquisto - sons de patinhas ou de dentes roendo ferozmente qualquer coisa que esteja pelo caminho são aumentados para criar tensão e justificar a paranoia do protagonista. A ambientação foca em dois locais - o escritório e a casa do personagem, sendo que o segundo, gradativamente, ganha espaço em relação ao primeiro até quase suprimi-lo - isso ajuda na sensação de claustrofobia já mencionada. Em relação às interpretações, Peter Weller reina, quase solitário, na obra. Claro que existem outros personagens, mas a atenção volta-se completamente para o protagonista que vai se modificando ao longo da história. Tenho de admitir que o ator faz um trabalho bem consistente e consegue convencer com a obsessão que desenvolve pelo animal (e não deve ser fácil contracenar com um ser invisível na maior parte do tempo). Ah, temos aqui e ali alguns efeitos especiais bem razoáveis, em especial na interação de Bart com o intruso. Enfim... é um filme que não seria do meu gosto, mas que foi bem explorado no seu potencial. É incrível? Não vamos chegar a tanto, mas dá para ver sem querer arrancar os olhos ao final, mesmo com um desfecho que não chegou a me agradar. Indico mais para quem gosta deste tipo de terror em especial. Eu prefiro "sobrenaturalidades"... rs

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