Filme do dia (156/2018) - "O Reencontro", de Martin Provost, 2017 - Claire (Catherine Frot) é uma parteira séria, dedicada, que criou sozinha seu filho já adulto. Sua vida não comporta grandes emoções além de cuidar de sua horta e da chegada de "seus" bebês. Subitamente, Claire é procurada por Béatrice (Catherine Deneuve), sua madrasta de espírito livre e alma boêmia, sumida há mais de vinte anos, que chega com uma triste notícia.
Eu diria que esse é um filme sobre e para mulheres. É definitivamente uma obra de alma feminina, que discorre sobre emoções delicadas, sutis, e trata de perdão, acolhimento, empatia, reconhecimento, chegadas, partidas, perdas e reencontros. Não é obra para qualquer dia, tem de estar no humor para absorver a sensibilidade daquelas relações que desenvolvem na tela - e eu digo com propriedade, pois, apesar de perceber todas essas sutilezas que fazem do filme uma história delicada, porém rica de significâncias, eu não estava tão assim no espírito e tive que batalhar um pouco com o sono para acompanhar a narrativa. É um filme, enfim, sobre sororidade, sobre companheirismo entre mulheres, e, como tal, até por ser um tema bastante raro no cinema, merece ser visto pelo público feminino. Pela sutileza do tema, o ritmo é um pouco arrastado, mas com desenvolvimento constante e em tempo cronológico. Certamente, o grande forte do filme são as duas atrizes arregimentadas para interpretar as personagens. Catherine Frot (dos excelentes "Marguerite" e "Os Sabores do Palácio") interpreta com muita sensibilidade a contida e racional Claire, que assumidamente abriu mão dos prazeres da vida para focar em seu filho e seu trabalho; já a "deusa" Catherine Deneuve dá um show como a despreocupada e hedonista Béatrice, de movimentos abertos, muito faladora e emotiva, numa expressividade diametralmente oposta à da fria personagem de "A Bela da Tarde". O contato das duas, no filme, é um verdadeiro embate de talentos, muito bom!!!!! A obra é interessantíssima, mas, como já disse, merece um momento especial para ser visto, um momento mais intimista, calmo, senão não vai rolar. Recomendado com as ressalvas já mencionadas.
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