Filme do dia (388/2020) - "Parenthood - O Tiro que Não Saiu pela Culatra", de Ron Howard, 1989 - A família Buckman é composta pelo patriarca Frank (Jason Robards), sua esposa e seus quatro filhos: Gil (Steve Martin), Hellen (Diane Wiest), Susan (Harley jane Kozak) e o caçula Larry (Tom Hulce). A estes somam-se o a esposa de Gil, o marido de Susan e os filhos de todos eles. Os membros desta grande família precisam conviver, aceitar suas particularidades e diferenças e compreender uns aos outros.
Muito embora a obra seja uma comédia, inclusive com algumas passagens bem engraçadas, os assuntos tratados por ela são sérios e muito pertinentes: as dificuldades da maternidade/paternidade, os equívocos inevitáveis da função, as frustrações, medos e desafios que o cargo de pais impõem, os laços de afeto que unem indivíduos muito diferentes entre si, a concepção de família, o amor incondicional pelos filhos, os desencontros entre os casais advindos da existência de crianças e adolescentes e as diferentes fases da vida das pessoas. E, apesar da narrativa ser direcionada para extrair situações cômicas, algumas reflexões são bastante apropriadas, portanto, é um filme para ser visto com alguma atenção - a história é mais sensível do que uma comédia sugeriria. A narrativa é linear e acompanha a vida dos vários núcleos familiares que compõem o conjunto maior da família Buckman. Dos núcleos menores, a família de Gil e de Hellen são os que têm maior destaque, o primeiro às voltas com três filhos pequenos, um dos quais com problemas de relacionamento, e a última enfrentando problemas com os filhos adolescentes. Não obstante os muitos problemas envolvendo a maternidade/paternidade que o filme apresenta, sua atmosfera é positiva e, seu desfecho, otimista. O ritmo é bastante ágil, com uma sucessão de situações envolvendo os diversos núcleos familiares. Tecnicamente é um filme padrão, dentro do esperado para uma obra da década de 1980. O elenco, estrelado para a época, continua impressionando até os dias de hoje - Steve Martin e Rick Moranis são os atores cujos os personagens tendem mais à comédia; Diane Wiest, Tom Hulce e Jason Robards já têm uma participação mais voltada ao drama. O elenco conta, ainda, com Martha Plimpton, um Keanu Reeves muito jovem em início de carreira e um inacreditável Joaquin Phoenix de 14 anos, que, aqui, ainda usava o nome artístico "Leaf Phoenix" e já mostrava seu talento artístico, no papel do menino Garry. Destaque para a cena de Garry falando com o pai, para o diálogo entre Gil e Frank e para a cena da "montanha russa" na peça de teatro (que resume a vida muito poeticamente). O filme consegue ser doce e engraçado ao mesmo tempo e envelheceu muito bem. Assisti à época do lançamento e agora, reassistindo, consegui entender sutilezas que, muito jovem, não tinha condições de compreender. É um filme melhor absorvido por pessoas mais velhas, especialmente por quem tem filhos, para quem eu recomendo.
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