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  • hikafigueiredo

"Projeto Brainstorm", de Douglas Trumbull, 1983

Filme do dia (74/2022) - "Projeto Brainstorm", de Douglas Trumbull, 1983 - Os cientistas Michael Brace (Christopher Walken) e Lillian Reynolds (Louise Fletcher) desenvolvem um equipamento que possibilita gravar as experiências sensoriais e emocionais das pessoas de forma que outros indivíduos possam vivenciá-las. Contra a vontade dos pesquisadores, o alto escalão militar do governo se apodera do equipamento e das pesquisas visando seu uso militar e afasta os criadores de sua invenção.





Com uma "vibe" completamente oitentista, é perceptível que a obra não tinha o objetivo de ser muito mais do que um bom entretenimento para um público jovem. Ainda assim, o filme traz uma não tão discreta crítica à militarização e ao uso militar do conhecimento produzido, alçando o governo e o exército ao grandes vilões da história, enquanto os cientistas são mostrados, de uma maneira quase romântica, como pessoas éticas, altruístas e dedicadas ao seu trabalho, que rejeitam qualquer uso indevido de seu experimento - o próprio maniqueísmo da narrativa já indica a superficialidade da crítica, que está ali muito mais como um "tempero" do que como uma tentativa de conscientização do espectador. Com um argumento interessante, o roteiro começa bastante bem, mas se perde um pouco na contraposição excessiva do bem contra o mal e, também, ao abraçar um encaminhamento "metafísico" da história - para mim, o finalzinho da narrativa ganha um contorno quase religioso, com forte inspiração kardecista. Apesar do desfecho discutível, a narrativa é agradável e se torna ainda melhor se for admitida apenas como um bom entretenimento, sem se esperar nada muito aprofundado ou filosófico. O ritmo começa um pouco arrastado, mas é crescente e rápido torna-se bem marcado. Achei divertido ver os primórdios da internet e o início da ação de hackers - tudo ainda era tão primitivo e, ao mesmo tempo, tão surreal e distante do cotidiano do público!!! A atmosfera tem algo de onírico e imagino que essa sensação fosse ainda maior na época, quando internet era ainda tão incipiente. Das questões técnicas, destaco o interessante uso da fotografia para pontuar as experiências sensoriais gravadas - foram usadas lentes "olho-de-peixe", que distorcem as imagens, e feito o uso de muitos movimentos de câmera, dando uma ideia de desequilíbrio, de tontura, separando bem o que era realidade do que era experiência sensorial externa. Também achei interessante a evolução do equipamento criado pelos cientistas - inicialmente um grande trambolho, até tornar-se um aparelho leve e com design "clean". O elenco trouxe Christopher Walken em um personagem menos esquisito do que os que ele normalmente investe - seu Dr. Brace é um indivíduo determinado e leal e sua indignação frente ao seu afastamento das pesquisas soou legítima graças ao bom trabalho do ator; a personagem Dra. Reynolds me pareceu um pouco exagerada com seu cigarro sempre presente, mas não acho que tenha sido decisão de Louise Fletcher, por isso não vou legar a ela uma interpretação ruim; no elenco, ainda, Natalie Wood como Karen Brace, seu último papel antes de morrer em uma situação trágica e suspeita, numa ótima interpretação. O filme é gostosinho, a gente se diverte e é uma boa companhia junto com um pote de pipocas. Não espere profundidade, é para ser só um bom entretenimento e, como isso, funciona bem.

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