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  • hikafigueiredo

"À Meia Luz", de George Cukor, 1944

Filme do dia (396/2020) - "À Meia Luz", de George Cukor, 1944 - A jovem e bela Paula Alquist (Ingrid Bergman) conhece e se apaixona pelo pianista Gregory Anton (Charles Boyer). Eles se casam e mudam para a antiga residência da tia de Paula, uma famosa cantora lírica que fora assassinada anos antes. No entanto, com o passar do tempo, Paula começa a desconfiar que está ficando louca.





Esse é um filme praticamente impossível de não dar spoiler. Isso porque o nome do filme em inglês, qual seja "Gaslight", deu origem a uma famoso termo ligado ao feminismo, o "gaslighting", conduta promovida por homens para desacreditar as mulheres, taxando-as de loucas, desequilibradas, etc. Isso acaba, involuntariamente, dando pista do que irá acontecer ao longo da história. A obra é quase um tratado acerca de um relacionamento abusivo, com quase tudo que vem a reboque nesse tipo de relação: controle, acusações, condutas que desacreditam a outra parte, destruição de autoestima, afastamento de amigos e familiares, isolamento, frases e comportamentos que ridicularizam o cônjuge, ameaças veladas ou diretas; tirando violência física, todos os demais comportamentos de um homem abusivo estão listados na obra - motivo pelo qual surgiu o termo já mencionado. No entanto, originalmente, a ideia seria criar dúvida quanto à sanidade da personagem Paula, pelo menos até o meio do filme, quando o comportamento estranho e agressivo do personagem Gregory começa a dar muita pinta e passamos a ter certeza de que ele tem culpa no cartório. A narrativa é linear, com uma pequena elipse temporal logo no começo. O roteiro é muito bem amarrado, desenvolve-se com eficiência, flui suavemente. A atmosfera é de tensão crescente, a aponto de dar certa agonia lá pelas tantas. Ingrid Bergman está maravilhosa e sua Paula vai se transformando ao longo da narrativa, de uma jovem radiante em uma mulher frágil, amedrontada e sem iniciativa. Por sua interpretação, Ingrid Bergman ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Atriz. Charles Boyer pesa um pouco a mão em seu Gregory - ele é muito odioso, na minha opinião, desde os primeiros frames do filme. Joseph Cotten interpreta Brian Cameron e só faltava vir montado num cavalo branco de tão heroico; e Angela Lansbury interpreta a empregada Nancy. Eu gostei bastante do filme e acho que deveria fazer parte do currículo escolar obrigatório nas discussões de gênero - quem sabe menos mulheres cairiam nessas esparrelas. Curti e recomendo.

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