“A Médium”, de Banjong Pisanthanakun, 2021
- hikafigueiredo
- há 12 minutos
- 3 min de leitura
Filme do dia (142/2025) – “A Médium”, de Banjong Pisanthanakun, 2021 – Em Isan, região nordeste da Tailândia, Nim (Sawanee Utoomma) é uma médium que herda a herança ancestral de sua família de “receber” Bayan, uma divindade da religião local. Uma equipe de filmagem viaja à região para fazer um documentário sobre a médium e acaba por presenciar os sinais de possessão que começam a surgir em Mink (Narilya Gulmongkolpech), sobrinha de Nim.

Aclamado entre os amantes do terror, o filme explora o exaurido subgênero “found footage” – aquele que simula um documentário e faz uso de material supostamente documental para criar uma narrativa, sendo muito utilizado nos gêneros terror e ficção científica -, criando uma sensação de completa imersão nos eventos “registrados”. Assisti à obra com bastante expectativa, muito por conta da fama que o filme angariou ao longo de quatro anos de existência e digo que foi uma experiência profundamente frustrante. O filme é claramente dividido em duas partes. A primeira apresenta a médium Nim, narrando sua trajetória e revelando que a herança familiar deveria, originalmente, ter sido recebida pela irmã mais velha de Nim, Noi, mas que esta teria renegado seu poder, direcionando-o à irmã caçula. Essa primeira parte até é interessante, pois discorre sobre a religiosidade tailandesa, apresenta nuances culturais e prepara o terreno para a segunda parte, criando tensão e expectativa para o bloco seguinte, no qual os eventos sobrenaturais realmente se farão presente. Até aqui temos uma construção de narrativa e atmosfera bastante promissora, pois consegue envolver o espectador na trama e permite que ele perceba a aproximação de eventos realmente assustadores. Faltando cerca de quarenta e cinco minutos para o final, há a eclosão da situação de possessão e o início dos acontecimentos que deram fama ao filme. Trazendo uma violência gráfica explícita, a obra acompanha o momento em que a entidade toma por completo Mink, que passa a agir de forma maligna e descontrolada. Na minha opinião, o desfecho teria sido bastante satisfatório, não fosse a duração excessiva de tais eventos. Ocorre que a personagem Mink, possuída, dá início a uma verdadeira chacina – que se prolonga pelos tais quarenta e cinco minutos restantes. Quarenta e cinco minutos de mais do mesmo! No início destas cenas de violência, eu achei que a narrativa estava super bem encaminhada... o problema é que a narrativa para de evoluir, estanca nas cenas de destruição e morte e pisa e repisa estas imagens sem oferecer qualquer outra situação – e, creiem, acaba ficando chato e repetitivo. A meia hora final eu assisti olhando o relógio e me perguntando se nada mais seria criado para manter alta a tensão – e, não, não foi realmente criado. Talvez o problema tenha sido justamente que tudo fica muito explícito, sendo que eu gosto mesmo é daquilo que é subentendido, sugerido ou se mantém implícito, que aqui é praticamente nada. O filme promissor, assim, torna-se um amontoado de imagens de violência que não me causaram nada além de sono e tédio. Tecnicamente, o formato “found footage” é explorado ao máximo, com todos os clichês do subgênero – câmeras tremidas, iluminação precária, som captado no local, ausência de edição e tudo mais que acompanha o tipo. Quanto às interpretações, destaco o trabalho de Sawanee Utoomma, a qual oferece alguma espessura à personagem Nim, em contraposição à personagem Mink – acho que nem é “culpa” da atriz Narilya Gulmongkolpech, a personagem Mink é só rasa mesmo. No fim das contas, achei o filme chatíssimo e fiquei com aquela sensação de ter perdido duas horas da minha vida. De boas... não gostei não e não indico, mas, para quem quiser, está disponível em streaming no Prime Video.



Comentários