top of page

“100 Sunset”, de Kunsang Kyirong, 2025

  • hikafigueiredo
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura

Filme do dia (99/2025) – “100 Sunset”, de Kunsang Kyirong, 2025 – Em um gigantesco condomínio em Toronto, Canadá, uma grande colônia tibetana se estabelece. A jovem Kunsel (Tenzin Kunsel) vive no condomínio com sua família e, devido a sua personalidade introvertida, não tem amigos. A chegada de Passang (Sonam Choekyi) altera a solidão de Kunsel, pois rapidamente elas fazem amizade. Juntas, elas tentarão romper as expectativas impostas a elas por sua comunidade.


ree

 

A obra claramente busca registrar um pouco da cultura e do cotidiano da comunidade tibetana estabelecida no Canadá, ao mesmo tempo em que discorre sobre as amarras culturais que essa mesma comunidade impõe aos seus integrantes. Eu tive a sensação de que a diretora vive uma dicotomia entre abraçar sua cultura ancestral e livrar-se de imposições advindas dessa cultura, havendo uma evidente contraposição entre os dois extremos no filme. Na história acompanhamos a jovem Kunsel, a qual transita, quase invisível, entre seus conterrâneos. Kunsel desafia, silenciosamente, sua comunidade praticando pequenos furtos, dentre os quais uma pequena câmera de vídeo manual, com a qual passa a registrar o cotidiano de seu povo. Certo dia, Kunsel é apresentada a uma nova moradora do condomínio, Passang, uma moça com idade próxima à sua, mas casada com um homem trinta anos mais velho, e rapidamente elas fazem amizade. Elas passam os dias a observar e comentar a vida alheia enquanto evidenciam claro descontentamento nas expectativas que recaem sobre si. Eu diria que mais da metade do filme é composto pelas imagens captadas pela pequena câmera de vídeo manual que a personagem Kunsel furtou – como era de se imaginar, são imagens de pouca qualidade, muito granuladas, tremidas e em movimento extremo, que captam o cotidiano daquelas pessoas, desde acontecimentos excepcionais como festas culturais e encontros sociais a situações completamente desimportantes, como pessoas andando na rua ou fazendo atividades habituais. Para quem tem especial interesse naquela cultura – meu caso – a obra pode ser bem interessante e convidativa, mas, para quem não tem esse mesmo interesse, não acho que o filme possua um maior apelo. Existe certa passividade na história, muito ali é registro e observação, sem ação de fato e isso pode ser cansativo. Curiosamente, não é um filme sensorial – ele me despertou interesse puramente intelectual, porque não consegui me conectar emocionalmente com a obra. O que mais chamou a atenção foi mesmo o registro de uma cultura diferente e milenar, porque o roteiro não tem grande complexidade e pouco exige do espectador. Confesso que sai um pouco frustrada do filme, esperava mais dele. Décimo quarto filme assistido na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

 
 
 

Comentários


bottom of page