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hikafigueiredo

"1900", de Bernardo Bertolucci, 1976

Filme do dia (91/2021) - "1900", de Bernardo Bertolucci, 1976 - Itália, 1900. Em uma fazenda nascem, no mesmo dia, Olmo, o filho de um camponês, e Alfredo, filho do proprietário de terras. Na infância, os dois meninos tornam-se amigos. Anos depois, após o término da 1ª Guerra, Olmo (Gérard Depardieu) e Alfredo (Robert De Niro) reencontram-se na fazenda e, apesar dos laços de amizade ainda persistentes, a realidade social de cada um surgirá como elemento de conflito entre ambos.





Que filme!!!!! A obra é uma verdadeira aula de história e política, retratando o surgimento das ligas camponesas, a disseminação do ideais comunistas, a expulsão dos camponeses da terra, o nascimento do fascismo patrocinado pelas elites, o silenciamento das mobilizações populares e a derrocada do regime fascista com a derrota na 2ª Guerra, tudo isto mostrado tanto pela visão dos trabalhadores pela figura de Olmo, quanto pelo ângulo dos proprietários de terras, através do personagem Alfredo. O filme é riquíssimo em informações, sem, no entanto, tornar-se excessivamente didático a ponto de ser maçante. Apesar de abranger um volume considerável de assuntos, destacaria o surgimento do fascismo como o ponto alto do filme - as figuras dos personagens fascistas Regina e Attila evidenciam a real natureza do fascismo e daqueles que o seguem (sem spoilers). A história começa em 1945, com o fim da Guerra na Itália, mas, rapidamente, retornamos a 1900, quando do nascimento de Olmo e Alfredo e daí em diante segue em tempo cronológico até voltar para o mesmo dia do início. O ritmo é moderado, com diversos clímaces - cabe informar que a obra, embora maravilhosa, tem infinitas 5h15min de duração, o que torna um tour de force assisti-la de uma sentada. Como inúmeras obras do diretor, o filme é visualmente impecável - direção de arte de época perfeita e fotografia irretocável. O elenco, da mesma forma, é excepcionalmente bom: Gerard Depardieu interpreta Olmo, politicamente lúcido, consciente de seu papel no capitalismo e disposto a lutar por uma sociedade mais justa e igualitária; Robert De Niro interpreta Alfredo, preso por amarras ideológicas que o impedem de sair de sua "bolha", muito embora veja no camponês Olmo um amigo; Dominique Sanda interpreta a livre e contraditória Ada; Donald Sutherland interpreta o recalcado e violento Attila; Laura Betti interpreta a vingativa e invejosa Regina; no elenco, ainda, Burt Lancaster, Alida Valli, Stefania Sandrelli, dentre outros. Destaque absoluto para o discurso do personagem Olmo acerca do fascismo, olhando diretamente para a câmera como se falasse com o espectador - o discurso não deve ter mais do que um ou dois minutos, mas resume tudo o que significa o fascismo. O filme é FANTÁSTICO!!!! Eu o adorei e consegui assistir as suas 5h15min de duração sem ter sono (o que é impressionante! rs). Recomendo demais!

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