Filme do dia (210/2020) - "2 Coelhos", Afonso Poyart, 2012 - Edgar (Fernando Alves Pinto) acaba de retornar do exterior. Ele tem um plano em mente. E ele é complexo.
Assisti a esse filme há uns cinco anos atrás e não escrevi sobre ele, então resolvi revê-lo para falar um pouco sobre. Como da primeira vez, gostei muita da obra - ela é envolvente, instigante e surpreendente. Maaaaas... é melhor da primeira vez do que na revisita. E é fácil explicar porquê. O filme se apóia em uma sequência de plot twists (não sei se esse plural está certo, em todo caso) que brinca com o espectador - a cada dez minutos algo de novo acontece na narrativa e muda toda a lógica da história. É evidente que, conhecendo o desfecho, não somos pegos de surpresa e nos sobra tempo parta analisar melhor cada detalhe - e como todos os filmes nesse estilo, sempre aparece alguma arestinha aqui ou ali que, felizmente, não atrapalha o todo da obra. O filme tem um ritmo esquizofrênico, muito mais ágil que muitos filmes de ação hollywoodianos e uma trama bem engendrada que vai agradar quem está acostumado a obras deste gênero. Ainda há um espacinho para certo toque autoral, principalmente no início do filme, quando da apresentação dos personagens. A narrativa também brinca com o tempo - o filme segue por uma linha temporal, mas, a todo instante, há a inserção de trechos passados para explicar algo do presente. Como todo bom filme de ação, temos infinitas cenas que exigem efeitos especiais - diria que a maioria deles é de excelente qualidade, mas em algumas sequências deixou um pouco a desejar (a cena de Julia com a espada lutando como num videogame foi sofrível e não entendi a que veio). Mas, sinceramente, o filme é tão legal que a gente até fecha os olhos para os escorregões com medo de estragar a experiência. A fotografia é ótima, temos alguns planos bem diferentões e sofisticados e a edição de som é bastante boa. Adorei a trilha sonora criativa que salta de um estilo a outro num piscar de olhos. O elenco, por sua vez, está afinadíssimo. Fernando Alves Pinto está bem como Edgar, ainda que algo em sua dicção sempre me incomode um pouco; Alessandra Negrini como Júlia está ótima e eu acho interessante como a personagem é contraditória e nos causa uma mistura de impressões, tanto boas quanto ruins; Caco Ciocler quase não abre a boca, é até difícil falar sobre ele, apesar da importância do personagem; mas, para mim, os atores que estão melhor são Marat Descartes como Maycon e Thaíde como Velinha - gostei demais do trabalho de ambos. Olha... o filme é muito bacana e tem o mérito de ser num estilo que poucas obras nacionais se arriscam a enfrentar, que é a ação, e, sinceramente, se sai muitíssimo bem. Indicado para quem gosta de ritmo alucinante e plot twists... agora, para quem só gosta de filme intimista e autoral, diria para não investir seu tempo nele. Eu, no meu ecletismo, gostei demais e recomendo.
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