Filme do dia (179/2016) - "45 Anos", de Andrew Haigh, 2015 - Kate (Charlotte Rampling) está às voltas com os preparativos para a comemoração de 45 anos de seu casamento com Geoffrey (Tom Courtenay). No entanto, cinco dias antes da celebração, Geoffrey recebe uma carta noticiando o encontro do corpo de seu primeiro amor em uma geleira nos Alpes Suíços. O evento trará, à tona, fantasmas do passado que farão com que Kate coloque, em dúvida, a validade de sua relação com seu esposo.
Nesse drama delicado temos, como tônica, os sentimentos de pertencimento e a fragilidade das relações humanas. É uma obra sensível e dolorida - à medida que o casal se distancia e Kate toma consciência desse distanciamento, vemos que a relação dos personagens, inicialmente com uma aparência sólida, apoiava-se sobre terreno pantanoso e, paulatinamente, esfacela-se no ar. Também é doloroso observar como Kate teme que a sociedade perceba a mudança ocorrida entre o casal e opta pela manutenção das aparências em detrimento da verdade. O clima de desilusão é palpável. O maior mérito deste filme é, sem dúvida, a atuação memorável de Charlotte Rampling que passa de uma alegria esfuziante no início do filme para uma decepção crescente - sua expressão, seu olhar, tudo denota sua dor, contida em nome do que a sociedade vai pensar. Ótimo filme, recomendo.
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