top of page
  • hikafigueiredo

"A Baleia", de Darren Aronofsky, 2022

Atualizado: 15 de mar. de 2023

Filme do dia (14/2023) - "A Baleia", de Darren Aronofsky, 2022 - Charlie (Brendan Fraser) é um professor de inglês com obesidade mórbida que vive recluso em sua residência, só recebendo a visita de sua amiga Liz (Hong Chau), enfermeira, que cuida de suas necessidades básicas. Após anos distantes, Charlie reencontra sua filha Ellie (Sadie Sink), a qual havia abandonado anos antes, e tenta um último ato de redenção.





O diretor Darren Aronofsky consegue ter uma filmografia mais irregular que qualquer outro diretor que eu conheça. Se, por um lado, ele tem obras incríveis como "Réquiem para um Sonho" (2000), "Cisne Negro" (2010) e "Mãe!" (2017), este último um filme bem controverso do tipo ame ou odeie, ele tem desastres retumbantes como o intragável "Noé" (2014), acerca do qual não consegui tecer uma única frase elogiosa. Com "A Baleia", Aronofsky ganha holofotes menos pelas virtudes do filme e mais pela comovente interpretação de Brendan Fraser como o obeso Charlie. A realidade é que o roteiro do filme é fraquíssimo, com um desenvolvimento frágil e personagens mal construídos, com exceção do próprio Charlie, em quem vislumbramos alguma profundidade e um bocado de carisma. Alguns pontos merecem destaque: a maneira como o personagem Thomas é inserido na trama é aleatória e pouco convincente e a chegada de Ellie à residência de Charlie é igualmente inconsistente; as questões relacionadas a Ellie são atiradas ao longo da narrativa sem um encadeamento lógico, de forma que a construção da personagem fica completamente comprometida; as interpretações da dupla Sadie Sink (Ellie) e Ty Simpkins (Thomas) são escancaradamente ruins e ficam ainda piores comparativamente ao sincero trabalho de Brendan Fraser. Assim, analisando com frieza, o filme é bastante questionável e daria para arrasar com ele não fosse o protagonista - o personagem Charlie traz a densidade, o encanto e a sensibilidade que faltam em todo o resto da narrativa e Brendan Fraser aproveita cada detalhe do papel e nos entrega uma atuação grandiosa. Digo mais: a obra, construída tijolo por tijolo para ser um melodrama hollywoodiano sem perdão, daqueles que eu sinceramente detesto, conseguiu ganhar ares palatáveis e chegou até mesmo a me enternecer graças ao trabalho do ator, que encheu de humanidade e doçura seu personagem. Outro ponto relevante - a construção espacial do filme também é bem interessante, trazendo para perto do espectador o ambiente claustrofóbico em que vive o protagonista, deixando o público constantemente incomodado com aquela limitação espacial. A presença das atrizes Hong Chau e Samantha Morton, ambas grandes profissionais, também entram como mérito do filme, sendo, Hong Chau, indicada para o Oscar (2023) de Melhor Atriz Coadjuvante pelo papel. Na balança, diria que o resultado é positivo e vai convencer a maior parte do público, em especial aquele mais propenso a cair na manipulação emocional dos filmes de Hollywood - eu, que normalmente sou avessa a isso, fiquei comovida com algumas passagens da obra, imagino quem é mais sensível que eu... Certo é que gostei demais do trabalho de Brendan, que o levou a ser indicado para o Oscar de Melhor Ator esse ano - e confesso que estou dividida entre torcer por ele ou por Colin Farrell por "Os Banshees de Inisherin" (2022) hoje à noite (noite do Oscar). Recomendo com sérias ressalvas.

4 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page