- hikafigueiredo
"A Cruz de Ferro", de Sam Peckinpah, 1977
Filme do dia (144/2020) - "A Cruz de Ferro", de Sam Peckinpah, 1977 - 1943. As tropas russas avançam sobre o exército alemão. O capitão Stransky (Maximillian Schell), recém chegado da França, almeja receber a Cruz de Ferro, a mais alta honraria do exército alemão, entregue a aqueles que demonstraram bravura excepcional em combate. Ocorre que Stransky não está tão ansioso para se arriscar em combate e tenta, por meios escusos, alcançar a mencionada medalha. No entanto, entre ele a a honraria, encontra-se o Sargente Steiner (James Coburn), um valente combatente que vê, com desprezo, os esforços do Capitão para receber algo que não merece.

Diria que "A Cruz de Ferro" é um dos filmes de guerra mais "de guerra" que eu já vi. Ele não se aprofunda nos horrores do combate e tampouco intenta alertar o público acerca do absurdo da guerra, como no mil vezes mencionado por mim "Vá e Veja" (1985), mas, por outro lado, acredito que bem uns 75% do filme acontece sob o fogo cerrado entre russos e alemães. O cerne do filme é o embate entre os dois personagens centrais - o Capitão Stransky e o Sargento Steiner. De um lado o orgulho, a ambição, a inveja, a cobiça, a covardia e a traição; do outro, apenas a defesa do que é certo, além de um profundo desprezo pelas características retro elencadas. Certamente que rola um maniqueísmo brabo na história - Stransky é todo errado, Steiner é a imagem da perfeição - corajoso, justo, sábio, correto. Diante disso, o mais interessante na obra, na minha opinião, é a "disputa" na interpretação dos atores que assumiram cada um dos lados. Acho que Maximillian Schell ficou com a parte mais difícil, pois precisou ter mais sutileza para compor seu personagem para que não ficasse inverossímil de tão canalha; já James Coburn não se afastou nada da sua imagem clássica de "cara durão", então, lógico, tirou de letra. Como tanto do filme é focado especificamente no front, com todos os tiros e explosões a que tinha direito, eu assumo que achei a obra meio arrastada, para não dizer abertamente chata. Tirando a cena do diálogo/disputa entre os dois personagens centrais e o trecho final de Steiner conduzindo suas tropas de volta para a base, achei o resto todo uma encheção de linguiça e não me agradou. Achei o filme bem feito no que tange às cenas de guerra, principalmente porque sei que o orçamento era limitado e tiveram de fazer milagre com o que tinham. Fotografia okay, assim como a parte de edição de som. No elenco, além dos atores já mencionados, David Wamer e James Manson (e mais uma galera interpretando soldados alemães "bucha-de-canhão"). Sinceramente? Sei que é um filme reconhecido, mas não fez a minha cabeça, muito porque não é meu estilo de obra cinematográfica (filme de guerra, para mim, tem de ser visceral e CONTRA a guerra). Vejam por sua conta.