Filme do dia (12/2023) - "A Dama Oculta", de Alfred Hitchcock, 1938 - Durante uma viagem de trem, a jovem Iris (Margaret Lockwood) conhece Miss Froy (May Whitty), uma preceptora idosa e simpática. No entanto, sem qualquer explicação, Miss Froy desaparece do trem e todos os demais passageiros negam tê-la visto. Assustada, Iris passa a procurar pela nova amiga com a ajuda do músico Gilbert (Michael Redgrave), o único que acredita na jovem.
Neste filme da fase britânica do mestre do suspense, temos uma ótima história de mistério com toques de humor ácido, muito embora aquém da qualidade de obras posteriores de Hitchcock, como "Janela Indiscreta" (1954), "Um Corpo que Cai" (1958) ou "Psicose" (1960), todos irretocáveis. O suspense propriamente dito demora a começar - há todo um prólogo no hotel, antes do embarque no trem, com o intuito de apresentar os personagens que, ainda que atenda a intenção de situar o espectador, na minha opinião foi mais longo do que o necessário. O humor ácido, ao contrário, está presente desde as primeiras cenas, e permanece quase até o final da história. Gostei bastante da forma como a narrativa se desenvolve - quando Miss Froy desaparece e Iris começa a procurá-la, todos os demais passageiros negam ter visto a idosa e um médico aventa a hipótese de Iris ter criado a imagem da mulher após uma batida na cabeça e um desmaio; após muito perguntar sobre a amiga, Iris começa a duvidar de sua própria memória e será necessário uma prova concreta para que Iris acredite em si mesma, o mesmo acontecendo com Gilbert. Não posso ir muito além para não estragar a brincadeira com spoilers, mas é certo que é um Hitchcock, logo, é diversão garantida. Tecnicamente, o filme é bastante convencional, mas a qualidade é indiscutível. Ah, sim, claro que temos a rápida e clássica aparição do diretor no filme rs. No elenco, Margaret Lockwood interpreta a ousada e determinada Iris - a atriz está bem no papel, ainda que a tenha achado meio sei sal; Michael Redgrave interpreta Gilbert e traz um humor ferino e cirúrgico ao personagem - apesar de ter um jeitão meio canastrão, gostei dele no papel; May Whitty interpreta a idosa Miss Froy e corporifica a típica senhorinha inglesa; Paul Lukas interpreta o Dr. Hartz, que tenta convencer Iris de que ela sofreu apenas uma alucinação. O filme é redondinho, gostoso de ver e satisfaz, ainda que não seja genial como outros do mestre. Recomendo.
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