Filme do dia (137/2018) - "A Espera", de Piero Messina, 2015 - Após sofrer uma grave perda, Anna (Juliette Binoche) recebe, em sua casa, Jeanne (Lou de Laâge), a namorada de seu filho, a qual se encontra ansiosa pelo reencontro com o amado.

O filme trata, basicamente, do luto e sua primeira fase, a negação. Anna bloqueou completamente sua perda, mantendo sua rotina como se nada tivesse acontecido e negando-se a comentar ou aceitar a morte. Ao longo da narrativa, o espectador terá, por vezes, até raiva da personagem Anna (sem spoilers), mas aí é que reside a grandiosidade do desfecho do filme, pois, ao fim, temos um lindo exercício de empatia, compreensão e respeito que, assumo, amoleceu meu coração peludo. Gostei do ritmo do filme, lento, respeitoso e sensível quanto ao momento de dor da personagem Anna. É uma obra de profunda delicadeza, que trata do sofrimento sem melodrama (mas também sem meter o pé no peito como os dramas que eu costumo curtir). Também é um filme visualmente bonito, com destaque para as cenas do jantar, de Jeanne no lago e da festa de Páscoa na cidade. Eu normalmente já amo a Juliette Binoche, sempre maravilhosa, mas, nesta obra, ela se superou!!! A atriz deixou de lado qualquer vaidade e aparece sem nenhuma maquiagem, com a expressão pesada e cansada de alguém abalado por uma morte. Seu olhar, que muda radicalmente da abstração alegre para o reconhecimento da dor profunda, é impressionante - Juliette Binoche é FENOMENAL!!!! - valendo lembrar que o papel dialoga intimamente com a personagem de "A Liberdade é Azul", também interpretada por Juliette. O filme é muuuuito delicado, curti demais.
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