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"A Fúria", de Frank Cappello, 2007.

  • hikafigueiredo
  • 19 de jul. de 2022
  • 2 min de leitura

Filme do dia (81/2022) - "A Fúria", de Frank Cappello, 2007. Bob Maconel (Christian Slater) é um medíocre funcionário de uma empresa que é ignorado pelos colegas e destratado por seu superior imediato. Ele tem uma paixão platônica pela assistente do diretor, a bela Vanessa (Elisha Cuthbert), que nem sabe que ele existe. Bob sonha em se vingar dos colegas, mas não tem coragem de assassiná-los a sangue frio como faz na sua imaginação. Um dia, estando prestes a levar adiante sua vingança, ele é surpreendido por um outro funcionário, Ralf Coleman (David Wells), que, como ele, resolve fazer justiça com as próprias mãos. Quando Bob se dá conta que Ralf atingiu Vanessa, ele impede que o colega lhe dê um tiro de misericórdia e a salva. Assim, do dia para a noite, Bob se torna um herói, chamando, finalmente, a atenção de Vanessa.





O filme é uma interessante obra que discorre sobre as relações interpessoais no ambiente de trabalho, a competição no mundo corporativo, a destruição da autoestima ocasionada pelas frustrações, a humilhação sofrida por funcionários por ação de seus superiores e o machismo. O personagem Bob é, a um só tempo, vítima e agente de relações tóxicas e viciadas, concentrando, em si, um grande número de frustrações relacionadas às suas capacidades profissionais e pessoais e que, em última instância, conduzem-no a atitudes impensadas e desesperadas. Curiosamente, Bob é um personagem que desperta piedade por um lado, mas, por outro, tem um grande potencial para a rejeição do espectador, pois ele não é exatamente um injustiçado, já que ele realmente tem uma função medíocre na empresa onde trabalha , um comportamento para lá de esquisito com seus pares e a certeza de que tudo o que vive é responsabilidade de terceiros e não de sua própria incapacidade. Na minha visão, Bob é o próprio "incel" (celibatário involuntário) e, como tal, um potencial perigo para os outros, em especial, para as mulheres. A narrativa é não-linear e brinca não só com a questão da cronologia, mas, também, com a realidade e a imaginação do protagonista, pois, por diversas vezes, ele projeta seus desejos e frustrações no mundo real. O ritmo é moderado, mas crescente, acelerando bastante ao final da obra. Tecnicamente, o filme é modesto, mas certinho, isso é, não se destaca por nenhum quesito técnico, mas, tampouco chega a fazer feio. A obra traz alguns efeitos especiais aqui ou ali, normalmente relacionados à imaginação de Bob, como os peixinhos dourados com os quais ele trava diálogos repletos de humor ácido. O elenco é formado por um irreconhecível Christian Slater, transformado em um homem de meia idade ligeiramente calvo e com imagem patética, muito bem no seu personagem; Elisha Cuthbert é uma atriz muito graciosa, mas, na minha opinião, mais bonita do que talentosa e sua Vanessa me pareceu um tanto quanto forçada. William H. Macy interpreta o diretor Gene Shelby, um personagem que não exige muito do ótimo ator que Macy é. O filme me surpreendeu positivamente e, se não é nenhuma obra-prima, é suficientemente correto para trazer uma boa experiência para o espectador. Eu curti.

 
 
 

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