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“Uma Última Viagem”, de Filip Hammar e Fredrik Wikingsson, 2024

  • hikafigueiredo
  • há 12 minutos
  • 2 min de leitura

Filme do dia (35/2025) – “Uma Última Viagem”, de Filip Hammar e Fredrik Wikingsson, 2024 – Após se aposentar, o professor de francês Lars Hammar entra em depressão e perde qualquer apreço pela vida, passando seus dias cabisbaixo em sua poltrona da sala. Tentando animá-lo, seu filho, o cineasta Filip Hammar, resolve levá-lo em uma viagem até o sul da França, reeditando viagens anuais que a família fazia quando Lars era jovem e, seus filhos, crianças, dando início a uma longa e terna jornada.




 

O documentário sueco acompanha, durante um tempo, a interação do cineasta Filip Hammar com seu pai idoso e já bastante debilitado. Iniciamos com a queixa da mãe de Filip acerca da falta de energia e pouca disposição do marido para as atividades que antes lhe eram prazerosas. Diante da preocupação da mãe e evidente desânimo do pai, Filip tem uma ideia – levar o pai a uma viagem para seus locais mais queridos e preciosos, situados no litoral sul da França. O pai resiste, mas é convencido por Filip e a esposa a se aventurar nesta jornada. O que segue é muito mais uma viagem interior do que um simples percurso por belas locações no trajeto da Suécia até Nice. De um lado, temos um frágil e claramente depressivo idoso que precisa se reconectar consigo mesmo e recuperar seu gosto pela vida que lhe resta. De outro, um filho que tem de aceitar a condição de seu pai, bastante debilitado pela idade, e entender que o envelhecimento é um processo natural e inevitável. Para ambos, a viagem é um meio de reaproximação e uma forma de externarem seus sentimentos. Sem despencar para o melodrama barato e a manipulação chantagista do espectador, o filme é um belíssimo retrato de uma relação afetuosa entre pai e filho e como essa relação precisa se adaptar diante das dificuldades impostas pelo envelhecimento. Filip mostra-se um filho preocupado e atencioso, muito embora erre um pouco a mão nas exigências por atitude em relação ao seu pai. Lars, por sua vez, é um lutador. É perceptível seu esforço hercúleo em realizar a viagem e alcançar as muitas expectativas do filho, o qual faz de tudo para que o pai reviva suas melhores experiências nos locais visitados. Ao longo da narrativa, momentos cômicos entremeiam-se com outros bastante tocantes, num equilíbrio bem dosado. Há, claro, cenas angustiantes e dolorosas, principalmente quando Lars, apesar de seus esforços, não consegue superar seus obstáculos, mas não é um filme que termina deixando o espectador para baixo. Há uma cena, no entanto, que me levou às lágrimas, não por tristeza, mas pela beleza nela contida, relacionando-se ao legado deixado por Lars – é uma cena linda, daquelas que nos deixa arrepiados. O documentário é tão doce, tão terno, há tanto amor em tudo ali! Eu fiquei muito tocada e gostei demais. Recomendo (muito embora possa despertar gatilhos em algumas pessoas cujas experiências com pais debilitados tenham sido muito sofridas). Atualmente nos cinemas.

 
 
 

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