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“Blue Jean”, de Georgia Oakley, 2022

  • hikafigueiredo
  • há 4 dias
  • 3 min de leitura

Filme do dia (32/2025) – “Blue Jean”, de Georgia Oakley, 2022 – Newcastle, Inglaterra, 1988. Jean (Rosy McEwen) é uma professora de educação física que esconde sua homossexualidade por medo de perder seu emprego em uma renomada escola local. Vivendo uma dupla existência – lecionando discretamente durante o dia e frequentando bares gays à noite – Jean é colocada contra a parede quando seu segredo é ameaçado pela chegada de uma nova aluna.




 

Trabalhando uma temática da qual gosto muito – as questões ligadas à identidade de gênero e à orientação sexual –, o filme discorre sobre homofobia, leis que restringem direitos da população LGBTQIA+, medo de assumir a homossexualidade e a vida em guetos gays. Na história, Jean é uma professora lésbica extremamente discreta quanto à sua vida pessoal, que esconde da sociedade sua orientação sexual. Se, durante o dia, ela oculta sua homossexualidade atrás da imagem de uma professora de educação física severa, à noite ela abraça quem é realmente frequentando clubes gays e convivendo com outras mulheres lésbicas. Jean tem um relacionamento amoroso com Viv, uma lésbica assumida que se incomoda com o fato de a namorada não a assumir. Vivendo eternamente com medo e se escondendo atrás de uma personagem, Jean tem de confrontar seus receios e suas decisões quando uma aluna nova chega à escola e descobre seu segredo. A obra tem o mérito de apresentar, com bastante delicadeza, a realidade daquelas pessoas que não assumem sua homossexualidade por medo de serem estigmatizadas, terem seus direitos violados, sofrerem violências físicas, psicológicas e/ou morais e perderem seus empregos por pura homofobia. O medo e desconforto que Jean vive é palpável, assim como seu conflito interno. Algo que me chamou a atenção foi a diferença de “astral” existente entre as meninas que se assumiam e Jean – enquanto as primeiras eram extrovertidas, alegres e cheias de energia, Jean parecida deprimida, desgastada pelo stress diário de ter de se esconder, introvertida e até mesmo triste. Ao longo da narrativa, percebemos que essa situação vai se esgarçando e Jean parece ser, paulatinamente, empurrada para um momento de ruptura, na qual seria impossível manter a farsa. Eu gostei bastante da temática, mas achei que a sua condução foi tão sutil e vagarosa, que o filme ficou um pouco arrastado. Sem spoilers, adianto que qualquer modificação que aconteça será mostrada de maneira tímida e tão discreta quanto a personagem. Entendo que esta é uma obra de sensações – o espectador precisa entrar no clima da personagem, sentir seu desconforto, sua lenta agonia, seus medos -, mas o ritmo muito lento me incomodou um pouco (e, a certa altura, me deu sono), mas o que nem de longe invalida o filme. O filme tem uma linguagem convencional e não apresenta grandes destaques técnicos. O trabalho da atriz Rosy McEwen é correto, mas também não chama muito a atenção, um pouco pela própria escolha de condução da narrativa – tudo bem sutil e vagaroso. Achei mais interessante o trabalho de Kerrie Hayes, a atriz que interpreta Viv, cujas emoções mais autênticas acabam se sobressaindo ao marasmo de Jean. Vale mencionar, ainda, o trabalho de Lucy Halliday como Lois, a aluna nova. É um bom filme - não vou dizer que é uma obra muito marcante, mas digo que é um desses filmes necessários para que quem não vive uma realidade como aquela tenha essa experiência e, quem sabe, sua empatia seja despertada e passe de indiferente a aliado. Recomendo, mas aviso que é meio lento. Disponível em streaming pelo MUBI e para alugar no Apple TV.

 
 
 

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