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“De Volta para o Futuro”, de Robert Zemeckis, 1985

  • hikafigueiredo
  • há 14 minutos
  • 4 min de leitura

Filme do dia (36/2025) – “De Volta para o Futuro”, de Robert Zemeckis, 1985 – Marty McFly (Michael J. Fox) é um adolescente comum, que, por engano, é lançado em uma viagem no tempo em uma máquina criada por seu amigo Doc. Brown (Christopher Lloyd). Ele regressa ao ano de 1955 e acaba interagindo com seus pais quando jovens, precisando consertar desvios na história causados pela sua influência, além de lutar para regressar à sua própria época.




 

Antes de tecer comentários sobre esse filme, preciso mencionar que tenho a meta de fazer resenha de todos os filmes que eu tenho na coleção, inclusive daqueles que já são de amplo conhecimento do público, caso deste aqui. Com isso em mente e sabendo que praticamente todo mundo já conhece a obra, vamos a ela. “De Volta para o Futuro” é, para mim, o melhor filme adolescente que foi gerado nos anos 80, provavelmente a década mais profícua de obras desta espécie. Primeiro porque, apesar de ser um filme criado para o público jovem, ele consegue agradar toda e qualquer pessoa, tenha a idade que tiver. Além disso, é um filme de gênero múltiplo: é uma ficção científica que tem ares de aventura, momentos de thriller, um pé na comédia e pitadas de romance, tudo muito bem amalgamado. E por fim, é, sem qualquer medo de errar, um dos roteiros mais bens engendrados que já foi criado para um filme de entretenimento, onde absolutamente tudo está minuciosamente amarrado e nada – eu disse NADA – acontece em vão. E é incrível como tudo no filme “funciona”, um domínio incomum da narrativa! A história começa apresentando o adolescente de 17 anos Marty McFly – proveniente de uma família humilde, que, nos EUA, seria, facilmente, tachada como “looser”, ele não se destaca dentre seus iguais, muito embora demonstre inteligência e desenvoltura. Com um pai submisso ao patrão e uma mãe que não esconde a sua frustração quanto ao casamento e vida que leva, Marty parece fadado ao fracasso. Eis que seu amigo e mentor Doc Brown – um inventor excêntrico, que ninguém leva muito a sério – desenvolve uma máquina do tempo, instalando-a dentro de um veículo Delorean. Acidentalmente, Marty acaba sendo remetido de volta ao ano de 1955, quando conhece seus pais na juventude e, sem querer, interfere no curso de sua história. Algumas ideias lançadas na narrativa são especialmente bem “sacadas”, como o conservadorismo dos pais, estritamente ligado às suas próprias frustrações: a juventude, aqui, aparece como um grande sopro de liberdade, ousadia e progressismo, mas que, se mal orientada e aproveitada, pode se transmutar em adultos desiludidos, insatisfeitos e amargurados – o conservadorismo dos pais estaria muito mais ligado à qualidade de vida e satisfação com sua realidade do que com a mera passagem de tempo. Da mesma forma, o bom “aproveitamento” da juventude estaria intimamente ligado à coragem de sair da zona de conforto, acreditar em si próprio e ousar nas atitudes – autoestima é o elemento diferencial e transformador, não só na juventude, mas por toda a vida. A narrativa, muito embora voltada para a família, ainda ousou brincar com um tema problemático e tabu – uma relação inadvertidamente incestuosa -, fazendo isso com humor e leveza e resolvendo qualquer questão escandalosa com uma simples frase, cirurgicamente colocada, ao longo da narrativa. Humor, aliás, é o que não falta na história – são inúmeros os diálogos bem pontuados, bem como as situações cômicas, que enchem de graça e leveza a história. É um dos roteiros mais criativos, originais e bem desenvolvidos do cinema de entretenimento estadunidense. Obviamente, a narrativa é não linear, brincando com o tempo cronológico, inclusive com a ideia de consequências quanto às mudanças dos eventos temporais. Mesmo passados quarenta anos desde sua estreia nos cinemas, o filme mantém um ritmo marcado, agradável e adequado à trama. Aliás, o filme praticamente não envelheceu – seu ritmo e história continuam agradando, mesmo a juventude frenética da atualidade. A atmosfera geral alterna momentos de extrema tensão com outros leves e divertidos, envolvendo e encantando o público. Destaque para os bons efeitos especiais – que até envelheceram, mas até que muito bem – e para a ótima edição de som. Destaque, também, para a música tema do filme – “Power of Love”, de Huey Lewis & The News, sucesso estrondoso daquele ano de 1985. Quanto ao elenco, o acerto na sua escolha é indubitável: parece que Marty McFly foi feito para ser interpretado por Michael J. Fox, assim como Doc Brown por Christopher Lloyd e Lorraine por Lea Thompson. Cabe comentar que Michael J. Fox não trazia qualquer atributo físico especial para o personagem – ele não tinha beleza excepcional, ou alguma característica muito marcante, mas parece que justamente isso fez com que ele fosse tão perfeito para o papel de um adolescente comum, cujo diferencial estava na sua desenvoltura em resolver coisas e coragem para fazer o que tinha de ser feito. Christopher Lloyd tinha a cara de maluco indispensável ao personagem e o apelo cômico necessário ao inventor excêntrico. Já Lea Thompson, uma atriz incrível, conseguiu fazer as transições de tempo de sua personagem com muita propriedade, acertando a mão na sua Lorraine. A obra foi indicada ao Oscar (1986) nas categorias de Melhor Roteiro Original, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som, sendo ganhadora nessa última. Concorreu, ainda, a inúmeras categorias no Globo de Ouro (1986), incluindo Melhor Filme de Comédia e Melhor Ator em Filme de Comédia, e no BAFTA (1986), também incluindo Melhor Filme. O filme, na época, foi aclamado pelo público e pela crítica e se transformou na maior bilheteria daquele ano. Atualmente, continua sendo reverenciado como um dos melhores filmes de ficção científica estadunidense já feitos. Sim, eu rasgo seda para esse filme, um dos meus prediletos se considerar seu objetivo – divertir e entreter público de qualquer tipo e idade. Eu AMO e recomendo, caso alguma alma perdida ainda não tenha assistido a ele. Disponível em streaming pela Globoplay e no Apple TV para alugar.

 
 
 

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