top of page

“A Garota da Vez”, de Anna Kendrick, 2024

hikafigueiredo

Filme do dia (05/2025) – “A Garota da Vez”, de Anna Kendrick, 2024 – Los Angeles, década de 1970. A aspirante a atriz Sheryl Bradshaw (Anna Kendrick) é convencida por sua agente a participar de um programa de televisão de namoro, o “The Dating Show”, no qual teria de escolher entre três participantes para ter um encontro romântico. Um dos participantes, no entanto, era Rodney Alcala (Daniel Zovatto), que, posteriormente, descobriu-se tratar-se de um perigoso serial killer.




 

A atriz e agora diretora Anna Kendrick aproveitou esse thriller de suspense baseado em fatos para expor não apenas a violência a qual as mulheres estão sujeitas, mas, também, fazer uma exposição bastante certeira acerca do machismo estrutural com a qual todos nós convivemos. Se o cerne é a história do serial killer Rodney Alcala, o qual, estima-se, matou cerca de 130 pessoas ao longo dos anos 1970, pequenas histórias paralelas pontuam diversas situações corriqueiras e “menores” nas quais mulheres são caladas, desconsideradas e abusadas por homens comuns – e que, provavelmente, vão passar despercebidas para os espectadores do gênero masculino. São situações como a que o “amigo” de Sheryl aproxima-se dela com intenções sexuais sem o consentimento dela; a situação em que a espectadora tenta fazer uma denúncia e é desconsiderada, sistematicamente, por todos os homens com quem fala, do segurança da emissora de TV, aos policiais, passando pelo próprio namorado; o episódio em que um dos participantes do programa objetifica as mulheres, referindo-se a detalhes de seus corpos; ou, ainda, o momento em que o apresentador do programa interrompe a personagem Sheryl, a qual é tratada como alguém desprovido de inteligência. Em todas as situações, os protagonistas são homens comuns, que, diferentemente de Rodney Alcala, provavelmente não seriam capazes de matar alguém, mas que demonstram comportamento abusivo, desrespeitoso ou consideravelmente inadequado para com mulheres em geral. Pela escolha da diretora em incluir estas pequenas narrativas paralelas, já acho que o filme valha a pena, ainda que eu tenha demorado a entender a construção do filme e sinta a direção dela um tanto “frouxa”. A narrativa é não linear e, confesso, só entendi a opção por este formato no fim da obra (eu achei que as coisas iriam “funcionar” de uma forma e descobri que estava redondamente enganada, o que só aconteceu por eu não saber nada acerca da história do serial killer) – certo é que, da forma como a narrativa se desenvolve, o espectador é surpreendido pelo acontecimentos, o que faz com que a atmosfera geral seja muito mais tensa do que seria se tudo fosse apresentado linearmente. O ritmo é pausado, o que é reforçado pelas diversas “quebras” ocasionadas pela cronologia não linear. Um ponto negativo foi a superficialidade dos personagens – senti falta de complexidade e densidade em todos, sem exceção. Gostei da ambientação e do desenho de produção setentista – eu me vi naquela época, isso foi um acerto. Quanto ao elenco, Anna Kendrick entregou o que era possível dentro do roteiro que não explorou bem os personagens; quanto a Daniel Zovatto, acho que ele conseguiu impor ao personagem de Rodney Alcala o charme, a simpatia e o sex appeal que, sem dúvidas, seriam necessários para ele ter sucesso em suas empreitadas assassinas, então, vejo seu trabalho como muito bom. Não vou dizer que o filme é ótimo – ele é facilmente esquecível -, mas, como já destaquei, gostei da forma como as narrativas menores exploram a questão do machismo estrutural e misoginia. Uma reclamação: o filme está disponível no Prime, através do qual eu o assisti, e, no finzinho do filme, existe um relato, por legenda, acerca dos acontecimentos relacionados ao serial killer. Pois bem: o Prime achou que era uma ótima ideia colocar seus anúncios de filmes sobre essas legendas, o que impossibilita a leitura completa delas. Tentei, de todas as formas, tirar os anúncios de cima das legendas e falhei miseravelmente, de maneira que não consegui ler o que estava escrito. Mancada braba, hein, Prime...

5 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page