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"A Grande Muralha", Zhang Yimou, 2016

hikafigueiredo

Filme do dia (263/2017) - "A Grande Muralha", Zhang Yimou, 2016 - Em um tempo indeterminado no passado, um grupo de europeus se lança em uma viagem à China atrás do "pó negro" (pólvora). Sobrevivendo apenas dois integrantes do grupo - William (Matt Damon) e Tovar (Pedro Pascal) - eles são atacados por uma criatura desconhecida que, posteriormente, saberão fazer parte de uma espécie feroz que está se organizando para atacar a capital chinesa. Um grupo de guerreiros, no entanto, está disposto a lutar até a morte para impedir as bestas de alcançarem seu intento.





Je-sus Cris-ti-nho... O que aconteceu com o Zhan Yimou, pelamor???? Tendo em sua filmografia obras fantásticas como "Sorgo Vermelho", "Lanternas Vermelhas", "Tempo de Viver", "Nenhum a Menos", "O Clã das Adagas Voadoras", "Herói", e por aí vai, como, COMO, saiu esse filme aqui???? Como o diretor que fez nome com obras profundas e críticas, que dissecavam a cultura, a história e a sociedade chinesas, fez esse amontoado de bobagens e clichês desta obra??? É até difícil falar de "A Grande Muralha" sem ter vontade de chorar por ver a derrocada de um mestre do cinema, viu!? Indignação posta, vamos ao filme. A história do filme não se decide se quer se apoiar em fatos reais, possíveis (como a busca pela pólvora), ou em elementos fantásticos (as bestas vindas de outro planeta - !!!???), motivo pelo qual fica no meio do caminho, a pior alternativa possível. Não bastasse o argumento bizarro, o roteiro não sustenta uma análise sequer superficial, tendo mais "buracos" e incongruências que o asfalto da cidade de São Paulo. Comecemos pelo mais básico - a história coloca o grupo de guerreiros chineses como valorosos, leais, confiáveis, em contraposição ao homem europeu - traiçoeiro, egoísta, mercenário. No entanto, vai ser um "herói" branco, europeu, quem vai possibilitar uma vitória sobre as feras - qual a lógica???? E o que tem a ver o Matt Damon nessa história??? E porquê de dessa guinada para o eurocentrismo vindo de um diretor chinês???? É tudo tão sem sentido!!!! Em suma - a história é um lixo, não tem como defender. Maaaas, como sempre é possível achar uma virtude, o filme segue a excelência formal típica e tradicional do diretor. A fotografia é excepcional, assim como a direção de arte (bela, belíssima), os efeitos especiais e a edição de som. Do conteúdo absurdo, pelo menos curti a forte presença feminina - as mulheres aparecem não como indefesas, quase inúteis, mas como corajosas guerreiras lideradas por uma general (que também lidera o exército masculino) - isso foi legal! Quanto às interpretações, Matt Damon faz "mais do mesmo" - o eterno papel de herói, blá, blá, blá. Prefiro a interpretação da linda Jing Tian como a comandante Lin - determinada, forte, leal, perfeita. Pedro Pascal não fede nem cheira e a participação de Willem Dafoe não explica a que veio. Sinceramente, o que eu concluí do filme é que quem nasceu para fazer filme profundo não tem que se meter a fazer filme "oco" para puro entretenimento. Volte três casas, Zhang Yimou... Não, não recomendo para ninguém.

 
 
 

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