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hikafigueiredo

"A Ira" (The Wrath), de Lee Yoo-young, 2018

Filme do dia (269/2021) - "A Ira" (The Wrath), de Lee Yoo-young, 2018 - Durante a Dinastia Joseon, uma família é perseguida por um espírito maligno que leva à morte todos os descendentes no dia de seu casamento. Após a morte de seus irmãos, o caçula casa-se com uma jovem escrava apenas para atrair o espírito maligno. No entanto, a tentativa de destruir a entidade falha, e o jovem também morre no dia de seu casamento, deixando a jovem escrava como viúva.





Neste ótimo filme de terror coreano - refilmagem de outra obra conterrânea, de 1986 - temos a temática mais comum na cinematografia coreana (rs): a vingança, aqui ganhando ares sobrenaturais. A história discorre sobre uma família que convive com uma maldição - todos os descendentes do patriarca morrem na sua noite de núpcias, deixando a família sem sucessores. O filme começa com uma sequência impressionante, onde acontecerá a primeira manifestação da entidade do mal. No início da obra, o espectador se sente um tanto quanto perdido, pois as facetas da história são apresentadas gradualmente ao longo da narrativa - aos poucos, os acontecimentos começam a fazer sentido e, ao final, tudo estará devidamente encaixado. O que eu posso revelar sem incorrer em spoilers, é que tudo envolve uma vingança e que a ira que impulsiona essa vingança é bastante pertinente e justificada (digamos que eu vi razão no espírito vingativo...). Apesar de ser um filme de terror e ter como linha principal a tal vingança, a obra traz ainda alguns elementos que eu achei bastante interessantes - jogos de poder e interesses, intrigas, disputas entre diferentes estratos sociais, dentre outros: a família mostra-se um pequeno universo que reproduz a realidade social coreana naquele momento. A narrativa é não-linear - ainda que a história siga uma cronologia temporal principal, voltamos algumas vezes ao passado através dos sonhos e visões da jovem escrava, viúva do caçula da família. O ritmo é bem marcado, ainda que, em alguns momentos, exista a opção por um ritmo mais lento, até mesmo para aprofundar a tensão. A atmosfera é de tensão constante - a obra funde com habilidade o terror psicológico com cenas de jumpscare, então nunca sabemos quando nossa tensão será alongada até o limite ou tomaremos aqueles sustos repentinos. O filme caracteriza-se, ainda, por uma câmera nervosa e rápida, inúmeras vezes assumindo a "primeira pessoa". A obra lança mão de vários expedientes para criar tensão, que vão travellings acelerados em direção ao desconhecido a efeitos especiais diversos. Aqui, tanto as imagens como a edição de som estão a serviço do "climão", atingindo indiscutivelmente seu objetivo. A fotografia merece destaque, com posições de câmera e planos criativos, diferentes e ousados, além de movimentos de câmera diversos e sofisticados. A direção de arte do filme é irretocável - além de apresentar uma ambientação de época minuciosa, ainda contribui com a atmosfera de tensão criando ambientes claustrofóbicos, sufocantes e assustadores. O elenco está bastante bem, mas é quase impossível descobrir o nome dos intérpretes!!! Seo Yong-hee interpreta a matriarca, Lady Sin, ótima, com toda a empáfia que se espera de uma poderosa nobre; Choi Hong-il interpreta o patriarca; Son Seong-yoon interpreta a jovem escrava, humilde, hostilizada por todos, mas forte e decidida; Lee Tae-ri interpreta um bruxo exorcista, a figura mais carismática (e linda... rs) do filme inteiro. A obra é hábil em causar tensão e angústia, ainda que tenha algumas fragilidades de roteiro (certas coisa ficam meio jogadas, como a infância da escrava e qual o efeito de seu passado no presente ou a cena no poço - sem spoilers). Considerando a média dos filmes de terror, eu diria que é uma ótima obra no gênero. Eu gostei e recomendo.

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