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  • hikafigueiredo

"A Mansão do Homem Sem Alma", de Antonio Margheriti, 1963

Filme do dia (124/2022) - "A Mansão do Homem Sem Alma", de Antonio Margheriti, 1963 - Quando Mary (Rossana Podestá) viaja para o castelo de seu marido Max (Georges Rivière) na Alemanha, descobre que o local esconde terríveis segredos.





Legítimo representante do terror gótico italiano dos anos 60, o filme tem o mérito de, com uma história simples, criar, com esmero, a sombria atmosfera típica deste subgênero. A história discorre sobre um antigo castelo medieval na Alemanha que, no passado, fora palco de terríveis atrocidades cometidas por seu antigo proprietário, um nobre conhecido como "o carrasco" e que tinha o hábito de torturar suas vítimas até a morte. Muitos anos depois, seu descendente Max, agora o proprietário do local, reside distante, em outro país, mas, de tempos em tempos, retorna ao castelo para cuidar de seus negócios. Em uma dessas viagens, Max traz consigo sua esposa Mary, a qual fica bastante impressionada com as histórias do lugar, especialmente pela existência de um antigo museu de instrumentos de tortura no castelo, passando a desconfiar de que algo muito estranho e maligno acontece dentro daqueles muros. Na verdade, o grande trunfo da obra está na forma como o diretor consegue levar tensão e dúvida ao espectador, que, até o fim da história, se questiona acerca de quem estará por trás dos sombrios acontecimentos do castelo. Outra coisa que eu achei no mínimo interessante e criativa foi a relação feita entre os horrores ocorridos no local e as barbáries cometidas durante a Segunda Guerra Mundial pelo governo nazista, bem como a constatação de que o ser humano é naturalmente perverso e cruel. Mas, como nem tudo são flores, a obra também traz algumas coisas completamente sem explicação - no intuito de provocar a dúvida no espectador, o roteiro cria situações relacionadas a diferentes personagens totalmente sem justificativa e quem analisar demais os acontecimentos vai ficar com a sensação de ter sido "enrolado" (por isso, desaconselho tal exercício). Boa parte do clima sombrio da obra é possível graças a uma fotografia bastante contrastada, com recortes precisos de claros e escuros, assim como pela maneira como o local é apresentado, um verdadeiro labirinto de cômodos e corredores que impede o espectador de conseguir se situar nos espaços do castelo, causando uma sensação de sufocamento e desorientação. Como de costume, a música tensa também auxilia na formação dessa inquietação. Algumas ideias contidas no filme, relacionadas às torturas praticadas, são bastante perturbadoras e podem impressionar pessoas mais sensíveis. O elenco é formado por Georges Rivière, numa interpretação fraquinha, como o herdeiro Max; Rossana Podestá como a assustada esposa Mary mostra um trabalho um pouco mais elaborado, mas ainda sem grande brilho; o icônico Christopher Lee aparece como o empregado Erich - sou suspeitaça para falar dele, já que ele é um dos ídolos da minha infância povoada pelos filmes de terror dos estúdios Hammer, de forma que não tenho a mínima condição de ser imparcial quando se trata de Christopher Lee (e Vincent Prive e Peter Cushing); no elenco, ainda, Jim Dolen, Mirko Valentin e Anny Degli Uberti. Olha... se você conseguir assistir ao filme sem pensar muito nos detalhes, acredito que vai se divertir bastante; se ficar esmiuçando muito, vai se dar conta de uns tantos buracos no roteiro e vai perder boa parte do encanto. Para ver sem muito compromisso ou expectativa.

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